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A Cimeira "mais rápida de sempre"

19 dez, 2014 • Manuela Pires/Filomena Barros/Francisco Sarsfield Cabral

Esta semana os líderes europeus estiveram reunidos em Bruxelas. O Conselho Europeu durou apenas umas horas e terminou a noite passada. Destaque, ainda, esta semana, para a visita da chefe da diplomacia europeia a Kiev.

A Cimeira "mais rápida de sempre"

Tal como previsto, o presidente da Comissão, Jean Claude Juncker, obteve luz verde dos 28 Estados-membros ao plano de investimento da nova Comissão. Mas o Conselho, que ficou reduzido a apenas meio-dia, terminou sem consenso quanto à participação de cada país no novo Fundo Europeu para os Investimentos Estratégicos.

Na conferência de imprensa final, Juncker garantiu que, através do relançamento do investimento na Europa, e mobilizando fundos públicos e privados, vai ser possível reduzir o desemprego.

O Primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, acredita que este plano vai ajudar os países periféricos. Está confiante e diz que o plano Juncker vai permitir apoiar projectos de países como Portugal, onde os investidores são mais reticentes.

O Conselho Europeu deu luz verde ao plano de investimento da nova Comissão que pretende mobilizar 315 mil milhões de euros para a economia nos próximos 3 anos.

Só que os Estados-membros não chegaram ainda a acordo quanto à participação de cada país no novo Fundo Europeu para os Investimentos Estratégicos. Passos Coelho não está preocupado e diz que o tema vai voltar a ser discutido em Fevereiro.

Um outro tema que os Estados-membros queriam ver esclarecido, era saber se as contribuições nacionais para o plano iam ser tidas em conta nos procedimentos de défices excessivos e “isso não vai acontecer”, garante o Primeiro-ministro.

Esta viagem Bruxelas foi ainda aproveitada pelo Primeiro-ministro para agendar uma cimeira tripartida com Espanha e França para o próximo mês de Fevereiro em Madrid. O objectivo passa por discutir as interligações energéticas da Península Ibérica com França. As conclusões desta Cimeira vão servir para definir um programa que será apresentado em Bruxelas no Conselho Europeu de Março.

Parceiros reticentes quanto ao dinheiro que aí vem
Antes da Cimeira, na terça-feira, Passos Coelho tinha-se reunido com os parceiros sociais para preparar a ida a Bruxelas. Patrões e centrais sindicais mostraram muitas dúvidas e críticas a este plano da Comissão Europeia.

António Saraiva, da Confederação da Indústria Portuguesa, questiona de onde virá o dinheiro. A CIP entende que os fundos europeus podem servir para investimentos na área dos Transportes e infra-estruturas.

Carlos Silva, da UGT, dizia haver uma grande expectativa sobre como seria distribuído o dinheiro deste fundo. O dirigente sindical revelou que o Governo tem já uma lista de empresas interessadas.

Por seu lado, a CGTP considerava que o “plano Juncker” não resolve a austeridade na Europa. O dirigente Augusto Praça criticou “a falta de dimensão social deste plano”. Segundo a Intersindical, “não se está a definir um novo caminho para a Europa”.

Outra visão foi sublinhada por João Vieira Lopes, o presidente da Confederação do Comércio diz que “o plano não traz nada de novo no combate à fraude e evasão fiscal”.

...e ainda tempo para a Ucrânia
Nesta “mini-cimeira” houve tempo, apenas, para discutir mais um tema: a crise na Ucrânia. No final da reunião, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que a situação entre a Rússia e a Ucrânia tem de ser encarada “com realismo, e não com optimismo”. É preciso “encontrar uma estratégia de longo prazo, porque esta crise vai levar anos a resolver”.

Donald Tusk diz que a situação é muito complicada e garantiu que a União Europeia tem dado sinais muito claros do seu empenho para resolver este conflito.

De resto, ainda esta quinta-feira, a chefe da diplomacia da União Europeia visitou a Ucrânia. Esteve reunida em Kiev com o Primeiro-ministro, com o Presidente e até com representantes da sociedade civil. Federica Mogherini diz que “a União está ao lado do povo ucraniano”.

Na conferência de imprensa em Kiev, Federica Mogherini deixou no entanto um aviso claro às autoridades ucranianas: “é preciso começar a aplicar no terreno todas as reformas que o país precisa”.