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Entra Juncker sai Barroso

24 out, 2014 • Manuela Pires/Ricardo Conceição/Pedro Caeiro

Esta semana fica marcada pela eleição da nova Comissão Europeia e pela realização do Conselho Europeu em Bruxelas. Barroso está de saída apóis 10 anos de mandato e fazemos o balanço do seu trabalho.

Entra Juncker sai Barroso

O Conselho Europeu, que termina esta sexta-feira, alcançou já de madrugada um acordo sobre o pacote energético e climático até 2030, que prevê metas vinculativas de redução das emissões de gases com efeito de estufa de 40% em relação ao nível de 1990 e de pelo menos 27% de incorporação de energias renováveis até 2030.

Este foi o último Conselho Europeu de Durão Barroso, que serviu vinho alentejano no jantar aos líderes europeus. Foi a forma de marcar a saída do cargo ao fim de 10 anos. No discurso de despedida, muitos elogios ao trabalho feito ao longo da última década. Foram 10 anos difíceis marcados pela crise económica, mas que “a UE conseguiu superar”.

Neste discurso Durão Barroso escolheu o melhor momento nestes últimos 10 anos em Bruxelas quando recebeu o Nobel da Paz, como relata o enviado especial da Renascença a Estrasburgo, Ricardo Conceição.

Juncker apresenta primeiras ideias
Com o adeus de Durão Barroso à Comissão Europeia, na próxima semana, a 1 de Novembro, entra em funções a nova Comissão liderada por Jean Claude Juncker.

O luxemburguês, que já foi presidente do Eurogrupo, apresentou aos eurodeputados algumas ideias do mandato. Uma delas, a promessa que até ao Natal a Comissão vai apresentar um plano para o crescimento de 300 mil milhões. Juncker disse, ainda, que a austeridade não pode ser a única solução para a União Europeia.

Que balanço de 10 anos de Durão Barroso?
Por estes dias, faz-se o balanço de 10 anos de Durão Barroso e têm sido muitas as críticas às políticas de austeridade. Paulo Sande, ex-representante do Parlamento Europeu em Portugal diz que “é difícil avaliar esta década, porque foram anos muito complexos”. Paulo Sande faz, ainda assim, uma avaliação positiva de 10 anos de mandato de Barroso em Bruxelas.

“Se por um lado estes mandatos são criticados pela austeridade e por um aumento do desemprego, é certo que a Comissão a partir de certa altura sofreu com uma crise muito grave a nível mundial. Mas parece-me injusto que pudesse ter feito as coisas de outra forma”, afirma.

Como aspectos positivos, Paulo Sande vê o facto de a Europa “não se ter desintegrado, quando toda a gente falava nisso na sequência da crise grega e quase que se via o fim da União e do Euro cada vez mais próximo a cada dia que passava”. A verdade é que se manteve a funcionar. “A Estratégia Europa 2020 está em curso, a Europa Digital ou o alargamento da União parecem ser pontos positivos”.

Já no que respeita a pontos negativos, Paulo Sande lembra o que aconteceu em 2009, quando a Comissão apelou a um investimento público no auge da crise e o que se viu foi que houve efeitos negativos no equilíbrio das contas públicas e rapidamente houve uma grande degradação”. A forma de decidir na UE neste segundo mandato também foi posta em causa, porque “houve uma grande prevalência de um país – a Alemanha”.

Podia ser feito de outra forma? Paulo Sande acha que não. “Por um lado a reforma institucional não ajudou. Por outro, a atitude de Barroso foi um bocadinho no sentido da sua sobrevivência, porque quem podia resolver o problema, de facto, era a Alemanha (que era quem tinha recursos para fazê-lo) e o BCE, que ajudou a resolver a crise”. “Se calhar, a Comissão teve uma atitude mais passiva e julgo que Barroso, neste segundo mandato, terá sido muito mais discreto, para tentar encontrar um equilíbrio entre as várias forças presentes. Não sei se era possível fazer melhor, mas reconheço que, muitas vezes, pareceu que a Comissão estava ausente da batalha”.