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Taxa de desemprego pode disparar mais de 5% com os cortes no Estado

08 out, 2012 • Ricardo Vieira

Número de trabalhadores que o Governo vai cortar equivale a todo o grupo Sonae, o maior empregador privado português.

Taxa de desemprego pode disparar mais de 5% com os cortes no Estado
"Geração à rasca" saiu às ruas... Milhares de pessoas, dos 8 aos 80 anos, participaram nas manifestações contra a precariedade e a falta de emprego e de oportunidades realizadas em várias cidades do país. MIGUEL A. LOPES / LUSA

Se os cerca de 43 mil funcionários contratados a prazo que o Governo pretende dispensar em 2013 fossem dispensados hoje e não encontrassem trabalho, a taxa de desemprego podia aumentar mais de 5%.

Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, que datam de Agosto, há 827 mil desempregados, o que equivale a uma taxa de 15% da população activa. Se a estes se somassem os quase 43 mil que o Estado pretende dispensar, a taxa crescia para os 15,8%: um aumento superior a 5% (ou 0,8 pontos percentuais).

Os cálculos têm por base os dados do INE relativos ao segundo trimestre do ano, que apontam para uma população activa de 5,5 milhões de pessoas e para uma população empregada de 4,6 milhões.

O número de pessoas que o Estado quer cortar no próximo ano é o equivalente a quase todo o grupo Sonae, o maior empregador privado em Portugal e que dá trabalho a mais de 40 mil pessoas, de acordo com dados disponibilizados no site da empresa.

Sindicato teme cenário pior
O Governo, num documento enviado esta segunda-feira aos sindicatos, revelou que pretende dispensar, no mínimo, 50% dos contratos a termo certo ou nomeação transitória, ou seja, pelo menos cerca de 42.800 pessoas.

A 30 de Junho de 2012, e apenas no subsector Estado e entidades públicas empresariais, havia 85.640 pessoas com contrato a prazo (contratos a termo), segundo síntese estatística do emprego público publicada pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público.

De acordo com a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, a proposta que o Governo apresentou aos sindicatos pode deixar "mais de 100 mil trabalhadores da administração pública" sem emprego, somando todas as mexidas.

Sendo assim, os 15% de taxa de desemprego registada no segundo trimestre deste ano podia aumentar para 16,8%, o que representa um crescimento superior a 12% (ou 1,8 pontos percentuais), afectando mais de 900 mil trabalhadores.

De acordo com os dados mais recentes do Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal é de 15,9%, o que pode agravar ainda mais as contas.

[artigo actualizado às 15h54 de 09/10/2012]