PS exige demissão de Nogueira Leite da Caixa

11 set, 2012

Administrador do banco do Estado afirmou que se “pira” do país se houver novos aumentos de impostos.

O PS exige a demissão do vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) António Nogueira Leite, considerando "imorais" as suas declarações na rede social Facebook. 
 
Numa crítica às novas medidas de austeridade anunciadas na sexta-feira pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, Nogueira Leite afirmou esta terça-feira, no Facebook, que, se em 2013 o obrigarem a trabalhar mais de sete meses para o Estado, "pira-se". 
 
"Se em 2013 me obrigarem a trabalhar mais de sete meses só para o Estado, palavra de honra que me piro, uma vez que imagino que, quando chegar a altura de me reformar, já nada haverá para distribuir, sendo que preciso de me acautelar", disse, numa mensagem reproduzida na imprensa diária. 
 
À agência Lusa, o deputado do PS José Junqueiro considerou as declarações "surpreendentes e imorais", uma vez proferidas por um detentor de um alto cargo público, "que tem um vencimento milionário" e "está a fazer pouco de quem está desempregado ou de quem ganha o salário mínimo, ou dos funcionários e dos reformados a quem confiscaram salários". 
 
Para o parlamentar, "tem que haver uma decisão muito rápida" quanto ao futuro na CGD de Nogueira Leite, "que se queixa dos impostos e se quer furtar, sob palavra de honra, ao pagamento de mais impostos", sendo "ele próprio co-autor destas políticas": demitir-se ou ser demitido. 
 
"Ou Nogueira Leite se demite e faz o exercício de decência, ou o Governo vai ter que o demitir, porque é insuportável que o Estado tenha sido 'assaltado' por pessoas deste género, que se recusam com ordenados milionários a participar no esforço que é exigido a todos os portugueses", sentenciou José Junqueiro.
 
António Nogueira Leite, antigo conselheiro económico de Pedro Passos Coelho, é um dos vice-presidentes da Comissão Executiva da CGD e vogal do Conselho de Administração da instituição bancária pública. 
 
As suas declarações foram conhecidas horas antes de o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ter anunciado um novo pacote de medidas de austeridade, nomeadamente a redução das reformas acima de 1.500 euros, a diminuição dos escalões do IRS, implicando um acréscimo do pagamento médio dos cidadãos, e o aumento de tributação dos imóveis considerados de luxo (acima de um milhão de euros).
 
Na sexta-feira, Pedro Passos Coelho já tinha anunciado mais medidas de austeridade para 2013, entre as quais o aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social.