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Fernando J. Regateiro

Para uma melhor alimentação

03 abr, 2014

Globalmente, os portugueses continuam a alimentar-se mal. Pode-se culpar a crise, mas culpe-se antes a falta de uma boa educação para os alimentos – um espaço da escola, das famílias e da Direcção Geral de Saúde.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) acaba de publicar a avaliação de disponibilidades alimentares, entre 2008 e 2012.

Registem-se alguns dados: trata-se de disponibilidades alimentares per capita, sendo os consumos uma dedução indirecta; o valor estimado de cerca de 4.000 kcal per capita está próximo das necessidades de dois adultos; entre 2010 e 2012, aumentou a disponibilidade de carne de aves, sendo agora a principal; e recuaram os lacticínios, o pescado e os frutos, estes mais de 10%, em três anos!

Globalmente, os portugueses continuam a alimentar-se mal, com 60% de proteínas de origem animal e 40% de origem vegetal. Ora, o padrão contrário é que estaria bem: devíamos comer 40% de proteínas animais e 60% vegetais!

Pode-se culpar a crise, mas culpe-se antes a falta de uma boa educação para os alimentos – um espaço da escola, das famílias e da Direcção Geral de Saúde.

E use-se a crise económica como oportunidade – reduzir o consumo de carne e aumentar o consumo de grão e de feijão, ou, para quem puder, trazer da aldeia fruta e outros vegetais e preparar e congelar os vegetais até serem usados, são formas baratas de resistir à crise!... E de melhorar a alimentação.