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Desemprego é “oportunidade para mudar de vida”, diz Passos

11 mai, 2012

Oposição não perdoa a Pedro Passos Coelho as palavras proferidas durante a tomada de posse do Conselho para o Empreendedorismo e Inovação.

Desemprego é “oportunidade para mudar de vida”, diz Passos
Primeiro-ministro considera que o desemprego pode ser uma oportunidade para mudar de vida.

Numa intervenção durante a tomada de posse do Conselho para o Empreendedorismo e Inovação, Pedro Passos Coelho sublinhou que, do seu ponto de vista, a situação de desemprego não é necessariamente um beco sem saída.

“Estar desempregado não pode ser para muita gente como é ainda hoje em Portugal um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida, tem de representar uma livre escolha, uma mobilidade da própria sociedade”, afirmou Pedro Passos Coelho.

“Não temos empregos para a vida inteira, como não temos empresas para a eternidade”, rematou.

Nesta intervenção de cerca de vinte minutos, o primeiro-ministro apelou ainda a um maior dinamismo e cultura de risco entre os portugueses, em particular os mais jovens: “Na generalidade os nossos jovens licenciados, que têm hoje um nível de qualificações muito mais elevados do que alguma vez aconteceu na história portuguesa, preferem ser trabalhadores por conta doutrem do que empreendedores.”

Neste quadro, o primeiro-ministro conclui pela necessidade de adoptar modelos de desenvolvimento de valor acrescentado e não nos preços baixos: “No curto prazo, no meio da crise em que estamos, claro que é preferível ter trabalho, mesmo precário, do que não ter. Claro que é preferível trabalhar mais do que não trabalhar, claro que é preferível vender mais baixo do que não vender, mas esse não tem de ser o modelo que nos guia para o futuro.”

Esquerda reage mal
As palavras de Pedro Passos Coelho motivaram reacções de toda a oposição. O PS considera graves e surpreendentes as declarações do primeiro-ministro. O PCP diz ser uma ofensa acusando Passos Coelho de não conhecer as dificuldades dos portugueses, e por seu turno, o Bloco de Esquerda mostra-se indignado e acusa o Governo de não ter respeito pelos portugueses em situação difícil.

Na análise de Ângela Silva, comentadora da Renascença para assuntos de política nacional, o discurso de Passos Coelho sobre desemprego é arriscado e pouco acautelado.

Esta é uma polémica que surge justamente no dia em que o comissário europeu para os Assuntos Económicos admitiu um agravamento das previsões quanto ao aumento do desemprego em Portugal.

Ohli Rehn falava numa conferência de imprensa em Bruxelas depois de apresentar as "previsões económicas da primavera" segundo as quais a taxa de desemprego em Portugal vai atingir os 15,5% este ano e diminuirá apenas para 15,1% em 2013, números acima das estimativas do Governo.