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Gestora hospitalar

“Não há dinheiro para pagar” abortos e actos médicos não prioritários

03 mai, 2012

Isabel Vaz, do grupo Espírito Santo Saúde, foi convidada a participar no Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, em Fátima, onde criticou as reacções ao fecho da MAC.

“Não há dinheiro para pagar” abortos e actos médicos não prioritários
Uma maneira de salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) seria excluir alguns actos médicos e tratamentos não essenciais, como interrupções da gravidez, obesidade e vários tratamentos de infertilidade, defende a administradora de um dos maiores grupos privados no sector da Saúde.

“Será que há dinheiro para pagar isto tudo da forma como é paga? Eu posso dizer que, na Holanda, não deixam mais do que três tentativas de reprodução medicamente assistida, porque, efectivamente, a probabilidade de se conseguir nos melhores centros, ronda os 20%. Interrupção voluntária da gravidez é um assunto que tem que ser discutido em Portugal”, começa por afirmar Isabel Vaz, do grupo Espírito Santo.

Quanto ao número de abortos, que subiu em 2011 face a 2010, “posso dizer que, no hospital de Loures, neste momento, no primeiro mês, tivemos mais consulta para interrupção voluntária da gravidez do que consulta de obstetrícia e algumas delas aborto de repetição. À segunda e à terceira vez! Este debate tem que ser feito em Portugal, porque não há dinheiro para pagar isto tudo”, sublinha a administradora, para quem são as dificuldades económicas que levam tantas mulheres a interromper a gravidez.


Estratégia Hospitalar de Lisboa prevê três maternidades e MAC não é uma delas
Isabel Vaz, gestora do novo Hospital de Loures, recorda que a Estratégia Hospitalar de Lisboa, delineada “há 10 anos”, previa apenas três maternidades na capital. Alfredo da Costa não estava contemplada.

“Já estava previsto há 10 anos, quando se fez a Estratégia Hospitalar de Lisboa, que só iriam ficar três maternidades grandes em Lisboa, que era São Francisco Xavier, Santa Maria e o futuro Hospital de Todos-os-Santos”, indica.

A administradora do grupo Espírito Santo Saúde faz as contas e diz que a MAC faz, nesta altura, cerca de cinco mil partos, pelo que o projecto do novo hospital Todos-os-Santos, não vai ter como como absorvê-los, ao contrário do que muitos apregoam.

“As pessoas hoje dizem que só com Todos-os-Santos é que se pode fechar a Maternidade Alfredo da Costa, que era o que estava previsto. Não é verdade. Se Todos-os-Santos abrisse hoje, o número de partos previstos para o hospital de Todos-os-Santos são três mil, portanto, nunca poderá ficar com a Maternidade Alfredo da Costa”, explica.

Profissionais e utentes da MAC têm defendido que o encerramento da maternidade lisboeta só pode acontecer quando avançar o novo hospital de Todos-os-Santos.

Isabel Vaz foi uma das convidadas do Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, que decorre em Fátima.