Estado da Nação

Duelo bíblico. Os sete pecados do Governo, as dez pragas do PS

08 jul, 2015

À imagem bíblica já avançada pelo PS, o primeiro-ministro respondeu com outra. Ecos de um debate crispado.

Duelo bíblico. Os sete pecados do Governo, as dez pragas do PS
O debate sobre o Estado da Nação tornou-se num verdadeiro duelo de imagens bíblicas. O PS voltou a falar nos "sete pecados capitais" do Governo. Mas o primeiro-ministro tinha uma resposta preparada, "outra imagem bíblica": as "dez pragas que o PS deixou a Portugal".
O debate sobre o Estado da Nação tornou-se num verdadeiro duelo de imagens bíblicas. O PS voltou a falar nos "sete pecados capitais" do Governo. Mas o primeiro-ministro tinha uma resposta preparada, "outra imagem bíblica": as "dez pragas que o PS deixou a Portugal".

Nos "sete pecados capitais do Governo", uma imagem que António Costa já tinha avançado, estão, segundo o líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, o aumento das desigualdades sociais e o "desmantelamento" de serviços públicos, nomeadamente em áreas sociais.

Mas Passos trazia um trunfo na manga e uma novidade no discurso de pré-campanha eleitoral: as "dez pragas do Partido Socialista", visíveis nos governos de José Sócrates.

Três exemplos: o TGV e outras grandes obras que não melhoram a economia; os "défices orçamentais volumosos e ruinosos" ("mais de 10% em 2011", lembrou); e a "nacionalização do BPN".

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, procurou distribuir os males: "O Governo não foi insecticida das pragas, foi parte activa dessas pragas."

As cobaias e a Grécia
A fase inicial do debate decorreu em permanente tom crispado e com a Grécia como pano de fundo.

O primeiro-ministro abriu a sessão a afirmar o Governo como um referencial de credibilidade. "Nunca faremos dos portugueses cobaias de experiências política", garantiu.

O Governo foi ao longo destes quatro anos acusado pela oposição de aplicar um modelo de políticas económicas desenhado pela troika que fez dos portugueses "cobaias". Mas, para Passos, se o Governo tivesse cedido ao PS "ainda estávamos a discutir sucessivos programas de assistência".

Numa referência à Grécia, o primeiro-ministro disse que se Portugal tivesse seguido aquilo que a oposição defendia o país estaria como em outros países, "com muitas carências muito graves e desequilíbrios muito sérios".

Numa outra acusação que parece visar o ex-primeiro ministro José Sócrates, Passos Coelho disse que uma das principais conquistas deste executivo foi fazer com que o Estado "não favoreça este ou aquele, esta ou aquela empresa".

Passos defendeu ainda que está demonstrado que o Governo seguiu a estratégia "mais acertada" para proteger os portugueses, "não segundo critérios partidários, nem cartilhas ideológicas", e que agora o que se discute é quanto vai a economia crescer.

Guerra de revistas de imprensa
O discurso inaugural de Passos não convenceu Ferro Rodrigues. Para o líder da bancada socialista, Portugal está pior. Do desemprego à emigração, Ferro recorreu a vários dados económicos para mostrar o que diz ser o recuo do país. Criticou ainda os "escândalos que estão a aparecer nas privatizações".

O socialista leu várias notícias das "últimas 24 horas" para tentar desmontar o discurso inaugural de Passos: "o défice da balança comercial aumentou em 2014", o "crédito malparado subiu em Maio", o "nível de vida das famílias em 2013 regrediu para níveis de 1990".

"A realidade das últimas 24 horas esbarra no vosso irrealismo, na vossa propaganda", rematou Ferro.

A revista de imprensa de Ferro teria resposta, minutos depois, por Nuno Magalhães. O líder parlamentar do CDS-PP leu várias notícias de 2011, dando conta do estado do país.

[Em actualização]

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