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"Uma pessoa que se mata e leva consigo outras 149 não deve ser apelidada de suicida"

26 mar, 2015

Dados da caixa negra do A320 revelam que o co-piloto quis "destruir o avião". A queda do voo 4U9525, nos Alpes franceses, matou 150 pessoas.

"Uma pessoa que se mata e leva consigo outras 149 não deve ser apelidada de suicida"
O director executivo da Lufthansa, Carsten Spohr, diz-se "sem palavras" perante a revelação de que o co-piloto da Germanwings fez o A320 despenhar-se "deliberadamente" contra as montanhas dos Alpes franceses. Foi um "acto voluntário", disse esta quinta-feira o procurador de Marselha, Brice Robin. O CEO da Lufthansa, empresa-mãe da Germanwings, não tem explicação para o que aconteceu. Andreas Lubitz, de 28 anos, "estava 100% apto para voar", disse.
O director executivo da Lufthansa, Carsten Spohr, diz-se "sem palavras" perante a revelação de que o co-piloto da Germanwings fez o A320 despenhar-se "deliberadamente" contra as montanhas dos Alpes franceses. Foi um "acto voluntário", disse esta quinta-feira o procurador de Marselha, Brice Robin.

"Não sou um advogado, mas se há uma pessoa que se mata e leva consigo outras 149 não deve ser apelidado de suicídio", afirmou em conferência de imprensa na cidade alemã de Colónia.

O CEO da Lufthansa, empresa-mãe da Germanwings, não tem explicação para o que aconteceu. Este é um "acontecimento horrível para a companhia" e coloca os "nossos pilotos numa posição difícil e eles são dos melhores do mundo", reconheceu.

O mesmo responsável diz que Andreas Lubitz, de 28 anos, tinha 630 horas de voo e que passou em todos os exames médicos e físicos. "Estava 100% apto para voar", disse.

O director executivo, que fala num "caso isolado", não vê a necessidade de mudar os procedimentos."Não interessa a segurança que temos... e a nossa é muito exigente. Um caso como este não pode ser evitado por nenhum sistema de segurança".

Assegura, contudo, que a companhia vai falar com especialistas de aviação e avaliar o que pode ser melhorado na selecção das pessoas e no treino dado. "Mas isso não muda a confiança que temos nas nossas regras".

Tal como o procurador francês, também o CEO alemão assume que não têm pistas que possam esclarecer o que aconteceu. "Não temos normas sobre a saída de pilotos. Os pilotos apenas devem sair do cockpit se as coisas estiverem calmas".

Carsten Spohr fala numa "tragédia isolada", garantindo que mantém a sua "firme confiança na selecção" dos pilotos, no seu treino e nas suas qualificações.

A queda do voo 4U9525, que ligava Barcelona a Dusseldorf, nos Alpes franceses, matou 150 pessoas de 15 países. Segundo as autoridades, as vítimas são maioritariamente de nacionalidade espanhola (49) e alemã (72).