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Família em foco na Semana Nacional da Cáritas

02 mar, 2015 • Ana Lisboa

No âmbito da Semana da Cáritas, subordinada ao lema “Num só coração, uma só família humana”, decorre o habitual Peditório Nacional, a partir de quinta-feira.

Família em foco na Semana Nacional da Cáritas
A Semana Nacional da Cáritas começa esta segunda-feira, subordinada ao lema “Num só coração, uma só família humana”, uma forma de chamar a atenção para as questões relacionadas com a família e as dificuldades que vivem em tempo de austeridade.

A crise financeira e as políticas de austeridade têm afectado e muito as famílias e a Cáritas Portuguesa tem essa noção por força da experiência: através do Fundo Social Solidário, atendeu 54 mil famílias a viverem com muitas dificuldades.
 
Os impactos da crise são significativos. De acordo com o presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, “o maior problema para uma família é a perda da "autonomia financeira, porque é consequência da falta de trabalho".

"Temos situações em que o casal foi vítima do desemprego. Depois, atrás disto, vem tudo, vem a dificuldade em assegurar uma alimentação equilibrada. Há pessoas que só têm uma refeição por dia", sublinha Eugénio da Fonseca, em declarações à Renascença, lembrando ainda situações domo dívidas “com a electricidade, com a água, com o gás", que culminam , por vezes, no "corte no acesso a estes bens”.

Outro problema que atinge as famílias é o endividamento das casas. Há pessoas “que não conseguem pagar as rendas de casa e, aí, o drama é muito grande, porque os proprietários podem agilizar o processo de tirar as pessoas de casa".

Noutros casos, há "o incumprimento das mensalidades, relativamente aos empréstimos bancários, e, associado a isto, junta-se outro drama: não só estão a ser afectadas as pessoas que perderam o trabalho e não podem pagar a mensalidade ao banco, como estão a ser penalizados aqueles que assumiram ser fiadores dessas pessoas”.
 
A Cáritas considera injusto que as pessoas fiquem sem a casa e com a dívida da habitação por pagar ao banco. Para Fonseca, “o banco não contribui com qualquer tipo de risco no capital investido" e assim, "pelo menos, deveria devolver às pessoas uma parte daquilo que lhes deram”.
 
Por tudo isto, chegam milhares de pedidos de ajuda à Cáritas. São pedidos “para pagar as rendas de casa que as pessoas não podem pagar, pagar a electricidade que as pessoas têm em dívida, pagar propinas para jovens que estão a estudar no ensino universitário”, entre outros.

A Cáritas Portuguesa registou, no ano passado, 21.549 novos casos de pessoas em situação de pobreza, um aumento de 15,4% face a 2013. 
 
No âmbito da Semana da Cáritas, vai decorrer o habitual Peditório Nacional, a partir de quinta-feira e até domingo dia 8. Esta angariação de donativos é muito importante, já que há organismos que sem este apoio não teriam outros recursos financeiros, como é o caso de muitas Cáritas Diocesanas. Além do Peditório, o ofertório das missas do próximo fim-de-semana reverte também para as Cáritas Diocesanas.
 
O presidente da Cáritas apela a todos os que puderem que contribuam para ajudar quem pouco ou nada tem.