26 fev, 2015
Depois da polémica, a resposta do líder do PS. António Costa diz-se "perplexo" com a reacção às palavras sobre o estado do país que dirigiu a investidores chineses.
Durante um evento da comunidade chinesa na semana passada, no Casino da Póvoa de Varzim, o líder socialista sublinhou o contributo dos chineses para que o país esteja hoje numa situação "bastante diferente" daquela em que estava há quatro anos.
"Estou perplexo que pensem que, por fazer oposição ao Governo, estou impedido de defender o país e que, perante uma assembleia de investidores estrangeiros e no exercício de funções institucionais, em vez de valorizar os factores positivos de Portugal, me concentrasse no fracasso da política do Governo e nos seus resultados (o aumento brutal da pobreza, do desemprego, a estagnação económica, os cortes de pensões e de salários)", afirmou esta quinta-feira, na sede do PS, em Lisboa.
"Aos investidores estrangeiros temos que dar uma mensagem de confiança. E para diminuir a confiança já chega o Governo, não é preciso a ajuda da oposição", acrescentou Costa, durante a sessão de lançamento da edição diária do "Acção Socialista", jornal oficial do PS.
A frase de Costa foi explorada politicamente pelo PSD e PP e por membros de Governo. O ministro da Presidência apontou as declarações de Costa como um reconhecimento do trabalho do Governo e afirmou esperar que signifiquem o fim do "estado de negação" do PS.
O eurodeputado do CDS Nuno Melo colocou no Facebook o vídeo das declarações, classificando-as como o reconhecimento de Costa de que "Portugal está muito melhor em 2015 do que estava em 2011".
As declarações do secretário-geral do PS provocaram mesmo "estragos" no universo socialista.
Alfredo Barroso, antigo chefe da Casa Civil do Presidente da República Mário Soares e fundador do PS, anunciou a sua demissão do partido depois da declaração de Costa, que classificou como "vergonhosa".