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Tribunal anula diploma que criou prova dos professores

03 fev, 2015

Fenprof defende que os docentes prejudicados devem ser indemnizados. Na última prova, realizada em Dezembro, um terço dos 2.490 professores que a realizou chumbou.

Tribunal anula diploma que criou prova dos professores
O Tribunal de Coimbra considerou nulo o diploma que criou a prova de avaliação de professores, mas o Ministério da Educação vai recorrer da decisão.

Em 2013, quando foi publicado o despacho do calendário da realização da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), a Federação Nacional de Professores (Fenprof) avançou com várias acções em tribunal, sendo que algumas conseguiram suspender provisoriamente a realização da prova.

No final da semana passada, o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Coimbra proferiu uma nova sentença: anular o despacho com que o ministério lançou a aplicação da prova.

Esta decisão significa que as provas até agora realizadas já "não podem produzir os efeitos que o ministério pretendeu", disse à Lusa João Louceiro, do secretariado nacional da Fenprof, sublinhando que a "sentença representa uma enorme derrota de quem continua a insistir na aplicação da uma prova que o tribunal vem assinalar que enferma de ilegalidade".

Tutela vai recorrer
Questionado pela agência Lusa, fonte do gabinete do Ministério da Educação e Ciência revelou que "irá interpor recurso para o Tribunal Central Administrativo Norte no respectivo prazo legal, acto que tem efeitos suspensivos da decisão".

No acórdão, o tribunal considera que o diploma "ofende o princípio da segurança jurídica imanente da ideia de Estado de Direito Democrático, bem como a liberdade de escolha da profissão prevista na Constituição da República Portuguesa e é com base nestes vícios que o Tribunal anula o despacho em causa", revela a Fenprof.

João Louceiro lembra que agora "não se trata de mais uma providência cautelar que suspende provisoriamente a prova" e que os docentes prejudicados pelo despacho devem ser indemnizados: "Há professores no meio disto, por insistência do ministério em sujeitá-los a uma prova que é ilegal, há prejuízos que terão de ser avaliados e os professores ressarcidos".

Na última PACC, realizada em Dezembro, um terço dos 2.490 professores que a realizou chumbou, o que significa que ficaram impedidos de realizar a componente especifica da prova.

Os professores têm contestado esta medida desde que o ministério anunciou a decisão de a implementar, com a marcação de greves e acções judiciais interpostas em vários tribunais do país.

A prova é obrigatória para todos os professores com menos de cinco anos de serviço que se queiram candidatar a dar aulas e a reprovação na prova impede o acesso à carreira.