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"Permito a Deus que me queira bem?". A pergunta de Natal do Papa

24 dez, 2014

Na Missa do Galo, Francisco apelou ao mundo que se deixe encontrar pela "ternura" de Deus. "Como é grande a necessidade que o mundo tem hoje de ternura!".

"Permito a Deus que me queira bem?". A pergunta de Natal do Papa
Na Missa do Galo, Francisco desafiou os cristãos a responderem com ternura às situações dificeis e aos problemas de quem nos rodeia.
Mais importante do que procurar a "ternura de Deus" é deixar que seja Ele a encontrar-nos, defendeu o Papa Francisco, esta quarta-feira, na Missa do Galo.

"Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-O de aproximar-Se? ‘Oh não, eu procuro o Senhor!’, poderíamos replicar. Porém, a coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a encontrar-me e cobrir-me amorosamente com a sua ternura. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem?", disse Francisco.

"Temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes, mas desprovidas do calor do Evangelho? Como é grande a necessidade que o mundo tem hoje de ternura!", acrescentou.

Na homilia, o Papa lembrou a forma como a Bíblia apresenta o nascimento de Jesus: uma "luz que penetra e dissolve a mais densa escuridão. A presença do Senhor no meio do seu povo cancela o peso da derrota e a tristeza da escravidão e restabelece o júbilo e a alegria."

A mensagem bíblica permanece actual. "Também nós, nesta noite abençoada, viemos à casa de Deus atravessando as trevas que envolvem a terra, mas guiados pela chama da fé que ilumina os nossos passos e animados pela esperança de encontrar a ‘grande luz’. Abrindo o nosso coração, temos, também nós, a possibilidade de contemplar o milagre daquele menino-sol que, surgindo do alto, ilumina o horizonte."

"A origem das trevas que envolvem o mundo perde-se na noite dos tempos", afirmou Francisco. "O curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência", mas, "ao longo do caminho da história, a luz que rasga a escuridão" revela que "Deus é Pai e que a sua paciente fidelidade é mais forte do que as trevas e do que a corrupção."

"Nisto consiste o anúncio da noite de Natal. Deus não conhece a explosão de ira, nem a impaciência; permanece lá, como o pai da parábola do filho pródigo, à espera de vislumbrar ao longe o regresso do filho perdido."