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Administradores dos hospitais esperam usar aumento de capital para pagar dívidas

22 dez, 2014

O despacho assinado na sexta-feira pelos Ministérios da Saúde e das Finanças atribui mais 450 milhões de euros aos hospitais públicos.

A presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Marta Temido, disse esta segunda-feira que o aumento de capital dos hospitais públicos em mais 450 milhões de euros vai permitir o pagamento de algumas dívidas em atraso aos fornecedores.

O despacho, assinado na sexta-feira pelos Ministérios da Saúde e das Finanças, comporta um aumento de capital dos hospitais públicos "de norte a sul" do país que envolve mais de 450 milhões de euros (não relacionados com as verbas do Orçamento do Estado). As verbas começam a ser disponibilizadas ainda este ano.

"Esta notícia é muito bem recebida, muito bem acolhida. Este reforço vai permitir retirar alguns hospitais da falência técnica e por outro lado vai permitir pagar dívidas em atraso", disse à agência Lusa a presidente da APAH.

Marta Temido lembrou que o reforço vai permitir pagar dívidas vencidas ainda este ano, nomeadamente ao grande credor que é a indústria farmacêutica, que comporta “dívidas de mais mil milhões de euros até agosto deste ano e prazos de pagamentos que ultrapassam um ano".

"Uma mudança radical na Saúde”?
"Enquanto presidente da APAH, já comentei esta notícia no ano passado. A questão é como é que para o ano não vamos estar a comentar esta notícia novamente. Que reestruturação, que reorganizações, que eficiências estão a ser trazidas para as estruturas hospitalares de forma a evitar que periodicamente haja necessidade de injectar dinheiros públicos", disse.

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse domingo que a verba vai permitir "uma mudança radical na Saúde em termos de equilíbrio dos hospitais e da possibilidade de fazerem novas encomendas, de fazer face à lei dos compromissos e da sua postura perante os fornecedores".

Paulo Macedo referiu que há hospitais em situações muito difíceis, "designadamente em termos de falência técnica" e que este dinheiro vai permitir a regularização de dívidas, a diminuição do passivo e o equilíbrio da situação financeira.

O ministro falava à agência Lusa depois de participar na festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, que este ano, como em anos anteriores, juntou em Lisboa centenas de sem-abrigo e famílias carenciadas.