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Detenção de Sócrates: “É o regime a prender-se a si mesmo”

22 nov, 2014 • João Carlos Malta

Os politólogos Adelino Maltez e Carlos Jalali falam sobre a detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates. As consequências para o PS e para o "jogo partidário".

Detenção de Sócrates: “É o regime a prender-se a si mesmo”
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"É o regime a prender-se a si mesmo", diz José Adelino Maltez. Para este politólogo, a detenção do ex-primeiro-ministro (PM) José Sócrates leva ao que em estratégia se denomina como "um ponto de não regresso". 

Este especialista não tem dúvidas: "a partir de hoje vai ser tudo diferente de ontem, e amanhã tudo diferente de hoje". "Vai haver uma mudança de ciclo, com consequências que não podem reduzir-se ao que vai acontecer a [António] Costa", acrescenta.

Quanto aos efeitos para o PS e para o seu novo líder, Carlos Jalali, também politólogo, afirma que é cedo para "falarmos de um terramoto". "Mas não é uma notícia bem-vinda. Até porque esta liderança tentou recuperar o legado dos governos de José Sócrates", admite.

Maltez pensa que para António Costa o efeito da detenção de Sócrates "tanto pode ser desastroso, como servir para Costa crescer moralmente". "Isto é um problema de crescimento moral. António Costa tem de demonstrar que tem as mãos limpas ou de outra maneira morre [politicamente]", define.

"Nova era"
De seguida, o politólogo diz que tudo o que aconteceu na noite de sexta-feira é "surpreendente", catalogando tudo o que se vai seguir de "nova era".

"Estamos a um ano de eleições, vamos ver o que é que cada cidadão, perante estas notícias, vai pensar quanto às suas opções", diz Maltez.

O especialista considera que esta situação afecta todo o sistema político e não apenas os socialistas.

"Este caso, em conjunto com o dos vistos 'gold', vem encaixar na percepção que muitos cidadãos têm sobre a classe política" diz, por seu lado, Carlos Jalali.

No jogo político, os efeitos reais vão depender muito do processo legal que está a decorrer, segundo Jalali. Os efeitos, alerta este politólogo, vão "depender de comunicação usada para mitigar os efeitos e até que ponto é que os outros partidos vão usar esta detenção como uma arma política".