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Francisco considera Sínodo uma “grande experiência”

19 out, 2014

Para o Papa as duas semanas de debate foram vividas com “verdadeira liberdade e humilde criatividade”.

Francisco considera Sínodo uma “grande experiência”
A missa celebrada este domingo pelo Papa Francisco marcou o final da terceira assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo instituído pelo próprio Paulo VI.

Francisco disse que as duas semanas de debate foram uma “grande experiência”, vivida com “verdadeira liberdade e humilde criatividade”, projectando o sínodo ordinário dos bispos em Outubro de 2015.

“Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que guia e renova sempre a Igreja, chamada a cuidar sem demora das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança”, declarou.

A homilia do Papa partiu do que este classificou como “uma das frases mais célebres de todo o Evangelho”: "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt 22, 21).

Uma porta aberta para Deus
“'Dar a Deus o que é de Deus' significa abrir-se à sua vontade e dedicar-lhe a nossa vida, cooperando para o seu Reino de misericórdia, amor e paz”, precisou.

Paulo VI, beatificado este domingo, foi alguém que “soube 'dar a Deus o que é de Deus', dedicando toda a sua vida” a este dever, “amando” e “guiando” a Igreja.

Esta confiança, acrescentou o Papa Francisco, é a força dos cristãos, o “sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante” que o mundo propõe, para “responder, com coragem, aos inúmeros desafios novos”.

"Tentações de rigidez hostil" no sínodo
No sábado o discurso de Francisco não fora tão positivo. O Papa alertou contra atitudes de rigorismo ou de facilitismo na ação da Igreja.

“A Igreja tem as portas escancaradas para receber os necessitados, os arrependidos e não só os justos ou os que pensam que são perfeitos. A Igreja não se envergonha do irmão caído e não finge que não o vê, pelo contrário, sente-se levada e quase obrigada a levantá-lo de novo”, declarou, concluindo duas semanas de debate sobre o tema ‘Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização’.

Francisco, que interveio pela primeira vez desde a sessão inaugural, a 6 de outubro, admitiu que houve “tentações” de “rigidez hostil”, ou seja, de quem se quis “fechar no que está escrito” em vez de se deixar “surpreender por Deus”.

“Desde o tempo de Jesus, é a tentação dos zelosos, dos escrupulosos, dos cuidadosos e dos hoje chamados tradicionalistas e também dos intelectualistas”, precisou.

“É a tentação dos facilitistas, dos medrosos e também dos chamados progressistas e liberais”, realçou.

A intervenção pediu que a Igreja não transforme “o pão em pedra”, para a atirar contra “os pecadores, fracos e doentes” e alertou para a “tentação de descer de cruz, para contentar as pessoas” em vez de purificar o “espírito mundano”.

Um sínodo difícil
Segundo o Papa, este sínodo foi um “caminho” que incluiu momentos de “tensão” e de “consolação”, admitindo que teria ficado mais preocupado se “todos estivessem de acordo ou taciturnos numa falsa e quietista paz”.

O debate, disse Francisco, decorreu “sem colocar nunca em discussão as verdades fundamentais” do sacramento do Matrimónio: indissolubilidade, unidade, fidelidade e abertura à vida.

Segundo o porta-voz do Vaticano, a intervenção de Francisco foi aplaudida de pé durante cerca de cinco minutos.

O debate sobre a situação da família vai continuar nos próximos meses até à realização de uma assembleia geral ordinário do Sínodo dos Bispos, com três semanas de trabalho, em outubro de 2015.

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