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Se entrar no mar sem ondas, cuidado com os agueiros

21 jul, 2014 • João Cunha 

Os banhistas podem ser arrastados por estes canais onde a rebentação parece menor ou quase inexistente.

O início da época balnear marca a altura em que as praias começam a receber quem vai a banhos. No mar, há vários cuidados a ter em conta. Um deles prende-se com os agueiros, responsáveis pela maioria dos salvamentos nas praias portuguesas.

Os agueiros são provenientes correntes de retorno, que formam canais que puxam a água para fora. Isto acontece quando a rebentação das ondas forma uma constante acumulação de água junto à praia, que depois tem que escoar para regressar ao equilíbrio.

Este fenómeno ocorre sobretudo onde não há ondas a rebentar pelo que pode enganar os banhistas, que podem acabar por ser arrastados pela corrente onde a ondas parecem menores ou quase inexistentes.

Este ano, de forma a conseguir obter maior conhecimento sobre este fenómeno, o Instituto Hidrográfico da Marinha está a lançar um projecto científico.

"Numa primeira fase vamos ganhar conhecimento sobre a dinâmica dos agueiros em Portugal para depois integrar esse conhecimento nos nossos sistemas de previsão", explica o tenente Quaresma dos Santos, oceanógrafo no Instituto Hidrográfico da Marinha.

E de que forma será recolhida essa informação? Com inquéritos a preencher por nadadores salvadores, para formar uma base de dados sobre a frequência de agueiros e as alterações na costa.

"A cada inverno, sobretudo nos invernos mais rigorosos, a topografia das praias vai-se modificando, pelo é importante, se mantivermos este registo daqui para a frente, termos uma perspectiva da forma como os riscos nessas praias evoluem", disse o tenente Quaresma dos Santos.

Toda a informação será posteriormente disponibilizada à Autoridade Marítima e ao Instituto de Socorros a Náufragos.

Como sair de um agueiro?
A exaustão é a principal causa de afogamento em agueiros, pelo que não adianta tentar nadar contra a corrente.

Os agueiros são canais perpendiculares à praia, por isso a melhor forma de sair desta situação é nadar para o lado até perceber que deixou de ser arrastado e entrou numa zona calma, altura em que pode nadar tranquilamente e regressar à praia.

O projecto deverá ter os primeiros dados disponíveis na próxima época balnear. Para a época que estamos a atravessar, pede-se um cuidado-extra, sobretudo nas praias da Costa da Caparica, cujos fundos mudaram no último inverno.