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Gabinete de Passos nega ter enviado qualquer documento para a SIC e Visão

08 ago, 2013

Ministério Público está a investigar se houve ou não manipulação dos documentos citados pela estação de televisão e revista sobre o envolvimento do antigo secretário de Esatdo, Pais Jorge, no caso dos "swap".

Gabinete de Passos nega ter enviado qualquer documento para a SIC e Visão
O gabinete do primeiro-ministro enviou uma nota à comunicação social em que nega ter disponibilzado documentação sobre alegados encontros entre o ex-secretário de Estado do Tesouro e membros do Governo anterior.
 
O Ministério Público está a investigar o caso, para avaliar se houve manipulação dos documentos relativos ao alegado envolvimento de Pais Jorge em negociações sobre "swap" com o Governo Sócrates que foram profusamente citados pela SIC e pela revista "Visão".

“Com o intuito de afastar as dúvidas que têm sido levantadas pela comunicação social, o gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vem esclarecer que os documentos sobre alegados encontros entre membros do anterior gabinete e elementos de grupos financeiros, divulgados pela estação de televisão SIC e pela revista ‘Visão’, não foram fornecidos pelo actual gabinete”, revela a nota desta quinta-feira.

Na quarta-feira, a SIC revelou que o documento que esteve na base da demissão do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, e que o Ministério das Finanças considerou forjado, "veio da residência oficial do primeiro-ministro e aquele que o Ministério das Finanças divulgou veio do IGCP [Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública]".

Através de uma nota da direcção de informação da SIC e da revista “Visão”, os dois órgãos de comunicação garantiram que, "obviamente, não forjaram nem manipularam qualquer documento sobre este ou qualquer outro assunto" e pedem que seja dada uma rápida explicação por parte do Governo. 

O Ministério das Finanças fez saber que o documento divulgado pelos dois órgãos de comunicação social e que implicava Joaquim Pais Jorge na apresentação de contratos “swap” ao anterior Governo foi manipulado, sublinhando que circulam, desta forma, dois documentos diferentes.

“Estas discrepâncias serviram para introduzir, como segunda página do documento na posse da comunicação social, um organigrama inverosímil, que não consta da apresentação original, com o logótipo do banco com um grafismo diferente. É neste organigrama, e apenas nele, que aparece o nome do secretário de Estado do Tesouro", sustentou o Ministério de Maria Luís Albuquerque.

Na semana passada, Joaquim Pais Jorge tinha recusado responsabilidades na tentativa de venda de “swaps” pelo Citigroup ao Estado, com vista a baixar artificialmente o défice, e disse não se lembrar se esteve na apresentação da proposta ao gabinete do então primeiro-ministro, José Sócrates.

Polémica leva a demissão
Ontem, e na sequência dos documentos revelados e alegadamente forjados, o secretário de Estado apresentou a sua demissão. "As notícias vindas a público nos últimos dias, em que uma apresentação com mais de oito anos foi falseada para que incluísse o meu nome, revelam um nível de actuação política que considero intolerável. A minha disponibilidade para servir o país sempre foi total. Não tenho, no entanto, grande tolerância para a baixeza que foi evidenciada", escreveu na sua carta de demissão.

A ministra das Finanças aceitou o pedido e o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) anunciou que vai abrir um inquérito para investigar o eventual "ilícito criminal" na alegada manipulação do documento em causa.