Industriais portugueses contra químicos no bacalhau

06 jul, 2013 • Ana Carrilho

Associação dos Industriais de Bacalhau considera que o Governo não salvaguardou os interesses portugueses nas negociações com a União Europeia.

Os industriais do bacalhau acusam o Governo de estar a destruir a indústria nacional com a cedência à adição de fosfatos na cura tradicional portuguesa.
 
A Associação dos Industriais de Bacalhau considera que o Governo não salvaguardou os interesses portugueses nas negociações com a União Europeia. O secretário de Estado da Alimentação já veio dizer que a introdução de polifosfatos na seca do bacalhau prevê excepções para Portugal. Certo é que o fiel amigo pode deixar de ser como é actualmente.

Há um ano, o Governo português começou por manifestar a sua frontal oposição à adição de químicos na cura do bacalhau, quando a questão começou a ser discutida no Comité Permanente para a Cadeia Alimentar e Saúde Animal da União Europeia.

Mas esta semana, quando a proposta foi aprovada, acabou por alinhar ao lado dos países que defendem a junção de fosfatos, o que lhe valeu a frontal oposição da Associação dos Industriais do Bacalhau.

O sector acusa o Executivo de ter cedido em toda a linha e de estar a ditar o fim da indústria de transformação do bacalhau.

Esta sexta-feira à tarde, o secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Alimentar respondeu com um comunicado. Nuno Vieira e Brito garante que o documento a que Portugal deu o “sim” inclui medidas específicas para o nosso país, nomeadamente, o fornecimento do peixe à indústria sem polifosfatos, a possibilidade dessa presença ser confirmada, o compromisso da União europeia acompanhar a questão durante três anos e a informação ao consumidor, na rotulagem.

Não serve de nada, contra-argumentam os industriais, porque não há um método rápido de detecção de fosfatos. E até Janeiro, altura em que a introdução de polifosfatos vai ser feita, o Governo não tem tempo para criar condições para fiscalizar e punir os infractores.

Quanto o sal for trocado pelos químicos, o bacalhau vai mudar de cor –  ficar mais branco – e  ter outro sabor, mesmo que disfarçado pelas 1001 maneiras de o cozinhar. Mas sobretudo, vai ficar mais caro porque a cura leva mais tempo a fazer.