Muçulmanos preparam-se para Noite do Destino

04 jul, 2012 • Filipe d’Avillez

Esta noite os muçulmanos rezam para que Deus afaste o mal da humanidade e abençoe o país. A crise financeira não será esquecida.  

Muçulmanos preparam-se para Noite do Destino
Muçulmanos, Islão, Imã, David Munie
Por todo o mundo os muçulmanos preparam-se para festejar o Laylatul Baraa'ah, ou a “Noite do Destino”, que se assinala precisamente no dia do meio do oitavo mês do calendário lunar islâmico.

“É uma data em que Deus traça tudo o que irá acontecer durante o ano. É uma noite em que os crentes muçulmanos pedem a Deus o que for melhor para eles e para afastar o que for pior para eles. Rezamos para que Deus nos ajude a passar a crise que estamos a passar e que haja compreensão entre a humanidade, entre as religiões e entre todas as pessoas de bem”, explica o Sheikh David Munir, da Mesquita de Lisboa.

Logo, porém, se apressa a esclarecer que esta crença não se traduz em determinismo: “Isto não significa que o Ser Humano está simplesmente dependente do Destino de Deus, porque cada um contribui com o seu próprio destino.”

“Basicamente o Ser Humano nos dias de hoje está muito preocupado com o seu sustento e com a paz entre si e as pessoas mais próximas. É o que pedimos, que o nosso sustento seja lícito e que o nosso país seja abençoado, porque todos sabemos aquilo por que estamos a passar, uns mais outros menos, mas está-nos a afectar a todos”, adianta.

A Noite do Destino é acompanhada de festejos diferentes no mundo islâmico. A comunidade portuguesa é composta por muçulmanos de várias regiões, predominando os guineenses e os moçambicanos de origem indiana. Em Lisboa a noite será de oração colectiva na Mesquita Central, mas as diferenças culturais ficam à porta.

“A Mesquita sendo um lugar sagrado, tentamos separar aquilo que é cultural da religião. A religião é única para todos. Neste noite não há assim muitas misturas culturais, cada um dedica-se a fazer as suas orações”, explica o Sheikh Munir

Ao contrário da maioria dos muçulmanos pelo mundo, os que praticam formas extremistas, como por exemplo os salafitas, recusam-se a assinalar esta data. “Sendo o Islão uma religião aberta, de várias opiniões, eles não concordam que se leve esta noite muito a sério. Respeitamos a ideia deles, mas nós levamos a sério porque achamos que é uma noite importante”, adianta o Sheikh.