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Portugal diz que muro anti-imigração na Hungria não é "boa solução"

20 jul, 2015

Muro de 175 quilómetros destinado a impedir o fluxo de imigrantes provenientes da região dos Balcãs continua a gerar polémica.

Portugal diz que muro anti-imigração na Hungria não é "boa solução"
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, considera que o muro anti-imigração que a Hungria está a construir "não é uma boa solução", embora reconheça que Budapeste enfrenta um problema "que importa obviamente resolver". O muro, de 175 quilómetros, destina-se a impedir o fluxo de imigrantes provenientes da região dos Balcãs.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, considerou esta segunda-feira, em Bruxelas, que o muro anti-imigração que a Hungria está a construir "não é uma boa solução", embora reconheça que Budapeste enfrenta um problema "que importa obviamente resolver".

À saída de uma reunião dos chefes de diplomacia da União Europeia, na qual o assunto foi abordado, Rui Machete notou que "a Hungria tem chamado insistentemente à atenção, e com razão, para a circunstância de haver um volume muito grande de imigrantes que entram pelas fronteiras orientais da Europa", mas observou que a construção do muro "merece o desagrado" dos restantes parceiros da UE.

"O muro não resolve o problema. Vai haver um refluxo dos imigrantes que não podem passar porque o muro não deixa, e isso vai-se reflectir nos países" vizinhos, disse. "Portanto, não é uma solução" erguer um muro.

"As soluções têm que ser encontradas em termos de solidariedade de todos os Estados", e não serão "radicalmente diferentes daquelas que estão a ser encaradas para a Grécia e para a Itália, e portanto, nesse sentido, não é uma boa solução, além de que faz lembrar a separação do muro de Berlim, o que também não é simpático do ponto de vista simbólico", observou.

O ministro admitiu, todavia, que é necessário responder ao problema da Hungria, da mesma maneira que estão a ser discutidas formas de solidariedade para com Itália e Grécia, designadamente a repartição de dezenas de milhares de refugiados que chegam àqueles dois países (um dossiê, assinalou, que não foi hoje discutido ao nível de chefes de diplomacia).

"Não há razão para excluir [a Hungria] das soluções, pois o problema é similar", disse, apontando que "o problema em termos do afluxo de imigrantes é muito parecido", apenas com a diferença de não se verificarem os desastres que tantas vítimas mortais já ocorreram no Mediterrâneo.

175 km polémicos
As autoridades húngaras começaram a 13 de Julho a erguer um muro de quatro metros de altura que deverá prolongar-se pelos 175 quilómetros da fronteira entre a Hungria e a Sérvia, para conter o fluxo de refugiados.

O projecto, patrocinado pelo primeiro-ministro populista Viktor Orban e destinado a impedir o fluxo de imigrantes provenientes da região dos Balcãs que tentam alcançar a Europa ocidental, foi aprovado por uma larga maioria parlamentar a 6 de Junho, e os trabalhos deverão prolongar-se por vários meses.

Nos dois últimos anos a Hungria tornou-se num dos principais países de trânsito da UE para os imigrantes que tentam alcançar a Áustria ou a Alemanha. A maioria é proveniente do Iraque, Afeganistão, Síria e Kosovo.

Em 2015, pelo menos 78.190 imigrantes foram registados na Hungria e segundo os número oficiais a grande maioria (77.600) tinha atravessado o território da Sérvia.