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PS diz que Governo é porta-voz da Alemanha (e Passos não gosta)

20 fev, 2015

Ferro Rodrigues disse, na AR, que a ministra das Finanças foi "totalmente instrumentalizada contra a Grécia", actuando "como porta-voz" do homólogo alemão. Passos afirma que é "inaceitável” que os gregos queiram dinheiro sem aplicar austeridade.

PS diz que Governo é porta-voz da Alemanha (e Passos não gosta)
O PS acusou a ministra das Finanças de "pôr em causa a dignidade" dos portugueses na sua visita à Alemanha e de ter sido instrumentalizada contra a Grécia.

"O senhor é responsável, como se viu agora pelas suas intervenções, pelo papel que a ministra das Finanças se prestou a desempenhar anteontem [na quarta-feira] junto do ministro alemão, sendo totalmente instrumentalizada contra a Grécia e actuando como porta-voz do ministro alemão", afirmou o líder parlamentar socialista, Ferro Rodrigues, esta sexta-feira, no Parlamento.

Durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, numa troca de palavras tensa e com protestos audíveis das bancadas do PSD e do PS, Eduardo Ferro Rodrigues acusou a ministra das Finanças de alinhar com a Alemanha numa "posição radical e austeritária" e de ter atentado contra a dignidade dos portugueses ao dizer que Portugal cumpriu o memorando de entendimento com "coesão social".

O presidente do grupo parlamentar do PS afirmou que os emigrantes, os desempregados, "os jovens que tiveram de regressar para casa dos pais" ou "os idosos sem acesso a serviços de saúde e serviços de justiça" passam "por situações de dificuldade e são tratadas abaixo do limiar de dignidade".

"Acha que os portugueses apoiam as afirmações do senhor Juncker ou do ministro Marques Guedes, o que é que acha, senhor primeiro-ministro? Acha que os portugueses apoiam as posições do governo português nas reuniões europeias ou que apoiam o povo da Grécia, estas posições de se colarem às posições mais austeritárias em termos europeus?", interrogou.

Passos Coelho criticou o teor das acusações do PS, que disse serem “inaceitáveis”. "Apesar do tom sereno com que fez estas afirmações, eu só as posso repudiar", afirmou, dirigindo-se a Ferro Rodrigues.

"As posições que a senhora ministra de Estado e das Finanças tem adoptado, em nome de Portugal e do Governo, deixam-me muito confortável e, mais do que isso, honram muito Portugal, e deixem-me dizer que não só não somos um instrumento de ninguém como, a propósito da questão que referiu que é a Grécia, estamos em sintonia com 18 outros países", sustentou Passos.

Dinheiro sem obrigações? "Inaceitável"
O futuro da Grécia na Zona Euro marcou o debate quinzenal.

Para Passos, é "inaceitável" a proposta do Governo grego da extensão dos empréstimos ao país sem que isso envolva a aplicação de medidas de austeridade.

"O Governo grego pediu a extensão dos empréstimos, isto é, quer a faculdade de poder usar o dinheiro, mas não quer corresponder-se com o quadro de obrigações em que esse dinheiro deve ser atribuído à Grécia e isso não é aceitável", afirmou.

Sublinhando que não há nenhuma divergência dentro do Eurogrupo quanto a esta posição, já que se trata de "uma questão de regras", Passos disse que se deve esperar que "aqueles que querem renegociar um programa o possam fazer dentro do quadro das responsabilidades que contraíram".

"O que parece resultar daquilo que veio a público é que o Governo grego está interessado em que lhe dêem as condições de não perder o dinheiro do financiamento, mas não quer vincular-se a nenhum quadro de responsabilidade. 'Venha o dinheiro e nós depois daqui a quatro ou seis meses vamos discutir as condições em podemos ou não solver essas responsabilidades.' Isso não é aceitável", insistiu.