Ex-conselheira do FMI adverte para feitos da "austeridade excessiva"

A antiga conselheira do Fundo Monetário Internacional (FMI) Estela Barbot alertou esta quinta-feira que uma "austeridade excessiva" pode levar ao surgimento de "governos populistas", defendendo ainda que um "diálogo" sobre as diferenças na Europa tem de ser evitado.

“Na Europa estamos a ter um discurso que me aflige bastante. Uma Europa do norte com o euro forte, em que temos uns países com uma tradição de disciplina orçamental anti-inflacionista, e uma Europa do sul, agora conhecida como os tais países que fizeram escolhas económicas conduzindo a consideráveis níveis de défice externo e que descuraram bastante a sustentabilidade”, afirmou.

Para a economista, e também antiga conselheira do Banco Mundial, este "diálogo de diferenças" entre o norte e o sul da Europa tem de ser evitado, alertando para os perigos de tal cenário.

“Temos todos de refundar o projecto europeu num novo projecto de 'governance' que evite a entrada de governos populistas. Esta austeridade, uma austeridade excessiva, pode fazer com que as pessoas comecem a pensar em governos populistas" na Europa, alertou.

"Isso é um problema muito grave que temos de evitar", reforçou ainda a economista portuguesa nas Conferências do Estoril, durante um painel subordinado ao tema "Futuro da Globalização".

Para Estela Barbot, a União Europeia (UE), "um modelo de excelência em relação à globalização", tem de vincar os seus pontos de união "numa dialéctica de convergência e de estratégia comum", concluiu.

A 3.ª edição das Conferências do Estoril arrancou no passado dia 30 de Abril, prolongando-se até sexta-feira.