24 out, 2017
Na República Checa as recentes eleições legislativas foram ganhas por um milionário, Andrej Babis, populista, adversário da UE, dos imigrantes e do euro, admirador de Putin (tal como Marine Le Pen em França). Ainda mais à direita, subiu a votação num partido que quer um referendo sobre a eventual saída da República Checa da UE. Depois dos avanços do populismo da direita radical na Alemanha e na Áustria, estes resultados eleitorais na República Checa ameaçam a integração europeia.
O vencedor das eleições na República Checa é apelidado de “Trump checo”. É um homem de negócios com sucesso, embora tenha dois processos a correr em tribunal contra ele – um por alegado desvio de fundos europeus e o outro por uma suposta colaboração com a polícia política na época comunista. É dono de dois jornais e uma estação de televisão. Babis, como Trump, prometeu governar o seu país como se administra uma empresa.
Ora este paralelismo é um erro fatal. Talvez Trump já tenha percebido que governar um país é muito diferente de gerir uma empresa, dado que em dez meses na Casa Branca pouco conseguiu construir e sobretudo destruiu, com dificuldade, boa parte do legado de Obama.
Um gestor empresarial tem como primeira finalidade dar lucros aos accionistas, embora não possa ou não deva esquecer outras pessoas envolvidas na empresa – os trabalhadores, os clientes, os fornecedores, a comunidade onde a empresa se insere, etc. A um político exige-se que actue em função do que ele julga ser o melhor para o seu país – o bem comum – com particular atenção aos que vivem pior.
Gerir um país como uma empresa significa cair no mais primário economicismo. Esquecendo, por exemplo, que um político tem que ter em atenção a opinião pública – incluindo contrariá-la com coragem quando entender que ela se engana perigosamente.