Djokovic prestou falsas declarações à chegada à Austrália
11-01-2022 - 16:07
 • Renascença com Lusa

Tenista sérvio respondeu “não” à pergunta sobre se tinha viajado nos 14 dias anteriores ao voo para a Austrália. Contudo, as redes sociais e notícias na imprensa internacional mostram o contrário.

Novak Djokovic, que continua sob ameaça de deportação, prestou declarações falsas num formulário de saúde para entrar na Austrália.

O líder do "ranking" mundial de ténis respondeu “não” à pergunta sobre se tinha viajado nos 14 dias anteriores ao voo para a Austrália. As suas redes sociais e notícias na imprensa internacional mostram o contrário.

O tenista sérvio viajou do seu país natal para a Espanha em fins de dezembro, contrariamente ao que declarou às autoridades australianas.

Djokovic deixou-se fotografar, em Belgrado, com o compatriota Petar Djordjic, jogador de andebol do Benfica, no dia 25 de dezembro. Viajou para Marbelha, Espanha, no final de 2021. Depois, ainda foi visto em eventos públicos em Belgrado, antes de partir para a Austrália, a 4 de janeiro. Algo que dá novo argumento ao governo australiano no diferendo que tem mantido com o tenista.

“Fazer uma declaração falsa ou enganosa constitui uma ofensa grave”, alerta o documento de entrada na Austrália, preenchido pelo sérvio.

Depois de ter visto um tribunal de Melbourne dar-lhe razão, ordenando a sua libertação e entrada no país, esta informação errada pode enfraquecer a posição de Djokovic.

Isto a menos de uma semana do início do Open da Austrália e numa altura em que o ministro da Imigração australiano, Alex Hawke, ainda está a analisar a possibilidade de cancelar o visto novamente, um poder que a lei lhe atribui.

Ainda para mais, de acordo com os advogados da ministra dos Assuntos Internos australiana, Karen Andrews, a isenção de vacinação após recuperação implica que a doença tenha sido pesada.

"Não há qualquer indício de que [Djokovic] tenha tido uma 'doença médica aguda' em dezembro [quando testou positivo à Covid-19]", lê-se no relatório em causa.

De facto, nas redes sociais do próprio tenista, e não só, surgem fotos dele num evento de de entrega de prémios com crianças, sem máscara, na Sérvia, a 17 de dezembro, um dia depois de ter testado positivo ao novo coronavírus.

Djokovic, de 34 anos, deseja competir no primeiro Major do ano em busca de um inédito 21.º triunfo em torneios do Grand Slam. Neste momento, está empatado na lista dos mais vencedores de sempre com o espanhol Rafael Nadal, que também se encontra em Melbourne, e o suíço Roger Federer, os três com 20 conquistas.

Após aterrar Djokovic em Melbourne, as autoridades de imigração revogaram-lhe o visto por, alegadamente, não ter cumprido os requisitos de entrada, que procuram prevenir a propagação da Covid-19 no país, apesar de uma isenção médica que lhe permitia entrar no país sem vacinação, por ter estado infetado em finais de dezembro.

Ficou isolado até segunda-feira num hotel destinado a requerentes de asilo, em condições que a sua família denunciou como “desumanas”.

A defesa de Djokovic, que se opõe à imunização obrigatória contra a Covid-19, alega que o sérvio recebeu uma avaliação por correio eletrónico do Departamento de Assuntos Internos australiano, em que se indicava que ele era elegível para entrar no país sem quarentena, embora o Governo de Camberra argumentasse que tal não constituía uma garantia.

O juiz Anthony Kelly ordenou ao Governo australiano a libertação do atleta e a devolução do passaporte e bens pessoais, bem como o pagamento das despesas legais de Djokovic, que poderá, assim, disputar o Open da Austrália. No entanto, o governo admitiu recorrer.

A libertação de Djokovic reuniu centenas de apoiantes que rodearam a viatura que o transportava, obrigando a polícia a tentar dispersar a multidão.