Vitórias históricas e insucessos. Os números de Fernando Santos na seleção
15-12-2022 - 19:30
 • Eduardo Soares da Silva

Durante os nove anos no cargo, Fernando Santos conquistou os dois primeiros troféus da história da seleção, mas o rendimento e os resultados mais recentes levam à saída do treinador.

Depois de nove anos com conquistas históricas e outros desempenhos aquém das expectativas, Fernando Santos deixou, esta quinta-feira, o comando técnico da seleção nacional.

A gota de água foi o desempenho da seleção nacional no Campeonato do Mundo. A seleção nacional caiu nos quartos de final frente a Marrocos, quando o objetivo era chegar à final e conquistar o troféu pela primeira vez na história.

No entanto, os resultados aquém dos objetivos definidos não são uma novidade.

A seleção nacional falhou nas últimas provas em que participou: ficou fora da "final four" das últimas duas edições da Liga das Nações e foi eliminada nos oitavos de final do Euro 2020, realizado no verão de 2021, frente à Bélgica.

Antes da conquista da Liga das Nações, em 2019, a seleção já tinha falhado no Mundial da Rússia, em 2018, onde caiu também nos oitavos de final frente ao Uruguai.

Ainda assim, Fernando Santos deixou obra feita, com os dois primeiros títulos da história da seleção nacional.

Melhor estreia numa competição seria impossível de imaginar para Fernando Santos, que qualificou a seleção nacional para o Europeu de 2016 e venceu a prova, no Stade de France, contra a França, numa repetição do jogo da sua estreia, que tinha perdido.

A nova prova da UEFA trouxe mais um título para a seleção nacional.

Portugal chegou à "final four" da Liga das Nações, organizou-a no Porto e em Guimarães e levantou o troféu no Estádio do Dragão, numa vitória por 1-0 frente aos Países Baixos. Gonçalo Guedes "fez de Éder" e marcou o golo solitário da vitória.

Durante os nove anos à frente da seleção nacional, Fernando Santos geriu dos maiores talentos da história do futebol português, assim como foi responsável pela sua integração na seleção principal.

Do primeiro onze de Fernando Santos, numa derrota frente à França num jogo particular em 2014, apenas três jogadores estiveram no Mundial 2022: Rui Patrício, agora suplente de Diogo Costa, Cristiano Ronaldo, que encerrou o Mundial também como segunda opção, e Pepe, que manteve estatuto de titular.

Fernando Santos deixa a seleção com vários recordes batidos. Tornou-se o selecionador com mais anos no cargo e, também, aquele com mais vitórias.

O agora ex-selecionador superou Luiz Felipe Scolari em outubro de 2020 e num jogo especial, no Stade de France frente à França, onde conquistou o Euro 2016. Superou também o registo de vitórias do brasileiro, que foi selecionador português entre 2003 e 2008. Fernando Santos venceu 68 jogos, Scolari apenas 42.

Scolari levou a seleção nacional à final do Euro 2004, que perdeu em casa, à meia-final do Mundial 2006, e saiu do cargo após eliminação nos quartos de final do Europeu 2008, organizado na Suíça e na Áustria.

Fernando Santos encerra ciclo na seleção nacional com saldo vitorioso e vistoso. Venceu 68 dos 109 jogos que orientou. Empatou 21 e perdeu apenas em 20 ocasiões. A última derrota ditou o despedimento, frente a Marrocos.

Fernando Santos tinha contrato por mais dois anos, até ao final do Europeu de 2024. Não colocou publicamente o lugar à disposição depois da eliminação do Mundial e remeteu decisões para uma conversa com Fernando Gomes. As opiniões dividiram-se em relação ao seu futuro.

Antes de orientar a seleção nacional, Fernando Santos foi selecionador grego, orientou o PAOK, AEK de Atenas e Panathinaikos. Em Portugal, treinou o Benfica, Sporting, venceu o inédito pentacampeonato no FC Porto, treinou ainda o Estrela da Amadora e o Estoril Praia.

A FPF anunciou que arrancou o processo de escolha para o novo selecionador nacional. José Mourinho, Leonardo Jardim, Rui Jorge, Paulo Sousa e Paulo Fonseca foram os nomes já associados ao cargo.