PSD mantém apoio a André Ventura em Loures
18-07-2017 - 15:50

PSD não vê nas declarações do candidato razão para retirar apoio. Opção diferente seguiu o CDS.

O PSD mantém o apoio ao candidato à Câmara de Loures, disse à Renascença o líder da distrital de Lisboa do PSD, Pedro Pinto.

"Depois de tudo o que se passou e de todas as explicações, face a tudo o que existiu, não há razão para o PSD alterar a sua posição", disse Pedro Pinto.

Para o líder lisboeta do PSD, o apoio do partido à candidatura de André Ventura em Loures, "um dos concelhos mais atrasados da região de Lisboa", "tem a ver com o projecto e não com uma qualquer circunstância".

O CDS-PP anunciou esta terça-feira que vai seguir "um caminho próprio" nas eleições autárquicas em Loures, abandonando a coligação com o PSD, encabeçada por André Ventura, expressando "profundo incómodo" pela forma como o candidato se referiu à comunidade cigana.

Entre outras referências, André Ventura afirmou, numa entrevista publicada na segunda-feira pelo jornal "i", que há ciganos que "vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito".

Ainda na segunda-feira, o candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Loures, Fabian Figueiredo, apresentou uma queixa-crime ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados contra André Ventura pelas "declarações racistas e xenófobas para com a comunidade cigana".

Na quinta-feira, o candidato já tinha falado sobre uma alegada "excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas", numa entrevista ao portal Notícias ao Minuto, o que motivou uma queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial contra o candidato do PSD/CDS-PP/PPM, por parte do candidato do BE em Loures, Fabian Figueiredo, por "declarações contra as minorias étnicas".

Em comunicado na segunda-feira, André Ventura afirmou ter criticado situações de incumprimento da lei, independentemente de questões étnicas.

"O que preocupa a candidatura são questões de segurança e cumprimento da lei, na defesa do património público e das pessoas de bem, independentemente da raça ou etnia. [...] Boa parte das pessoas que fica muito incomodada quando são denunciadas estas situações nunca se deslocou a algumas dessas zonas e não tem ideia do ‘barril de pólvora' que lá se vive diariamente", defendeu.

Também na segunda-feira, o presidente da concelhia do PSD de Loures (distrito de Lisboa), Ricardo Andrade, defendeu a legitimidade das declarações de André Ventura, ressalvando que "em nenhum momento os sociais-democratas equacionaram retirar-lhe a confiança política.

"É uma pena que tenha de existir esta polémica para as pessoas olharem para Loures e verem os problemas que aqui existem. O que está aqui em causa são políticas de integração e a necessidade de que todos cumpram a lei, independentemente das raças, etnias ou credos", afirmou à Lusa o líder social-democrata concelhio.

No mesmo dia, a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Martins, exortou o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a retirar a confiança política a André Ventura.

A Câmara de Loures é presidida desde 2013 pelo comunista Bernardino Soares, que se recandidata ao cargo, encabeçando uma lista da CDU.

O actual executivo é ainda composto por quatro vereadores da CDU, por quatro do PS e por dois da Coligação Loures Sabe Mudar (PSD, MPT e PPM).

Além de Bernardino Soares, André Ventura e do bloquista Fabian Figueiredo, o PS concorre à presidência da Câmara com uma lista liderada por Sónia Paixão.

As eleições autárquicas decorrem a 1 de Outubro.