Rui Rio diz que Mário Centeno "não tem condições para continuar"
13-05-2020 - 19:04
 • Renascença

O líder social-democrata considera que Mário Centeno não foi leal ao primeiro-ministro, António Costa, no caso da transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco.

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O presidente do PSD, Rui Rio, considera que o ministro das Finanças, Mário Centeno, "não tem condições para continuar" no cargo.

Numa mensagem publicada na rede social Twitter, o líder social-democrata considera que Mário Centeno não foi leal ao primeiro-ministro, António Costa, no caso da transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco.

"Se estava mal, com esta prestação na AR [Assembleia da República], Centeno ainda ficou pior", começa por referir Rui Rio numa referência à audição parlamentar desta quarta-feira com o ministro das Finanças.

Rui Rio defende que Mário Centeno "não tem condições para continuar" e "mal vai" um primeiro-ministro que "mantém um ministro que não lhe foi leal".

O líder do PSD prossegue ao afirmar que o ministro das Finanças também recebeu a "crítica pública do Presidente da República", para além de não ter sido defendido pela bancada do PS, que "diz ser irresponsável fazer o que o PM anunciou".

O que está em causa?

O Novo Banco recebeu, na semana passada, mais um empréstimo público no valor de 850 milhões de euros. A verba foi transferida para o Fundo de Resolução sob a forma de um empréstimo, que injetou 1.037 milhões de euro no Novo Banco. O dinheiro destina-se a compor as contas do Novo Banco de 2019.

O primeiro-ministro, António Costa, admitiu, na passada sexta-feira, que não foi informado pelo Ministério das Finanças do pagamento de 850 milhões de euros ao Novo Banco.

"Não tinha sido informado que, na véspera, o Ministério das Finanças tinha procedido a esse pagamento", assumiu o primeiro-ministro, justificando desta forma o facto de, perante uma pergunta feita na quinta-feira pela deputada bloquista Catarina Martins, ter negado o pagamento. António Costa pediu desculpa ao Bloco de Esquerda pela informação errada transmitida durante o debate quinzenal.

O ministro das Finanças esteve esta quarta-feira a dar explicações no Parlamento. Mário Centeno garantiu que transferência de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução destinado à recapitalização do Novo Banco não foi feita à revelia do primeiro-ministro.

"Não, não foi à revelia, não há nenhuma decisão do Governo que não passe por uma decisão conjunta do Conselho de Ministros", disse o ministro numa audição regimental da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) do parlamento.

Mário Centeno afirmou ainda que "não há transferências nem empréstimos feitos à revelia de ninguém", explicando que "a ficha de apoio ao senhor primeiro-ministro chegou com um par de horas de atraso, e o senhor primeiro-ministro, quando deu a resposta que deu, não tinha à frente dele a informação atualizada".

O ministro das Finanças justificou a injeção de capital ao Novo Banco. Mário Centeno referiu que a transferência estava prevista no Orçamento do Estado e seria impensável não cumprir o que está contratado.

“Nenhuma destas instituições pode solucionar o problema original, que foi a mais desastrosa resolução bancária alguma vez feita na Europa”, declarou.

Também esta quarta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, criticou a nova injeção de capital de 850 milhões de euros no Novo Banco antes de ser conhecido o resultado de uma auditoria ao período entre 2000 e 2018.

"Há uma auditoria que tinha sido anunciada que estaria concluída em maio deste ano, respeitando a 2000 a 2018. Para os portugueses não é indiferente cumprir compromissos com o conhecimento exato do que se passou em determinado processo ou cumprir compromissos e mais tarde vir a saber como é que foi esse processo até 2018. É politicamente diferente uma coisa e outra”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações ao programa "Casa Comum" da Renascença, o social-democrata Paulo Rangel defendeu a demissão do ministro das Finanças, Mário Centeno, na sequência das alegadas falhas de comunicação com o primeiro-ministro.