Em 2017, quando foi detido pela Polícia Judiciária, Pedro fazia mineração e vendia drogas na "deep web". Através dos CTT, remetia encomendas de haxixe e outras drogas para todo o mundo. Na época, foram-lhe apreendidas 64 bitcoins. Eis o caso que deu origem ao primeiro julgamento sobre branqueamento de criptomoedas em Portugal – e que acabou anulado.
As criptomoedas têm filiação partidária? Ligada na génese ao movimento Occupy e ao espírito "cypherpunk", a bitcoin parece ser hoje mais um ativo neoliberal que anárquico. Apesar da desconfiança em torno do ouro digital, há organizações não-governamentais que acreditam que a tecnologia "blockchain" pode ser utilizada “para o bem”.
Antes de existirem criptomoedas já existiam protótipos de ouro digital em alguns videojogos online. Havia quem fizesse dinheiro a vender "skins" do Counter-Strike ou armas do Warcraft. Durante a última década, sem surpresa, muitos "gamers" tornaram-se miners e montaram "farms" gigantescas.
São raras as fábulas infantis sem ouro no enredo. E o mesmo pode ser dito sobre esquemas dúbios e promessas de enriquecimento rápido com criptomoedas. Quem morde o isco? Muitas pessoas. Esta é a história de um astrólogo que investiu em bitcoin, de tokens de uma mina na Mongólia (que não existe) e de um velho esquema mascarado com um ativo inovador.
Já há algum tempo que ir às compras com criptomoedas deixou de ser uma miragem económica. Em Portugal, é possível pagar um frango de churrasco com bitcoin; saldar os honorários de uma advogada; assegurar uma dormida num alojamento local; vender um carro no OLX. Ou até comprar casa em Lisboa e, pelo meio, obter um visto gold.