Embaixador do Iraque alega que filhos foram atacados e alvo de insultos racistas
22-08-2016 - 17:53

Reacção ao caso das agressões em Ponte de Sor. Embaixada refere que os filhos do representante em Portugal foram "insultados e agredidos por serem árabes".

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A Embaixada do Iraque em Portugal apresenta a sua versão para o caso das agressões em Ponte de Sor. Alega que os filhos do embaixador foram atacados, alvo de insultos racistas e responderam a agressões, sugerindo que agiram em legítima defesa.

O embaixador Saad Mohammed Ridha apresentou uma queixa junto das autoridades portuguesas, refere um comunicado publicado no sábado, apenas em árabe, na página da embaixada.

O comunicado, inicialmente avançado pelo jornal "Público", acusa seis jovens de Ponte de Sor de insultarem e agredirem violentamente os dois filhos gémeos do embaixador, um dos quais estava a tirar o curso de piloto numa escola daquele cidade do distrito de Portalegre.

A embaixada refere que os filhos do representante em Portugal foram "insultados e agredidos por serem árabes", no exterior de um restaurante, e fala num "ataque racista".

O comunicado adianta que os dois jovens iraquianos voltaram ao local para tentar recuperar a chave de casa e que um deles foi atingido, tendo ficado com o nariz partido.

De acordo com esta versão dos acontecimentos, foram os filhos do embaixador a deslocarem-se à esquadra local para apresentar queixa.

Reunião no MNE

O embaixador do Iraque em Portugal, Saad Mohammed Ridha, foi recebido esta segunda-feira pelo embaixador chefe do Protocolo de Estado, António Almeida Lima, que, no Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), tem as competências relativas às imunidades diplomáticas.

O MNE adianta, em comunicado que não recebeu qualquer pedido por parte das autoridades judiciais relacionado com os acontecimentos.

Numa entrevista publicada domingo no "Público", o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva garantiu que, se se concluir que é preciso fazer um pedido de levantamento da imunidade diplomática, aos dois filhos do embaixador iraquiano que agrediram violentamente um jovem de 15 anos em Ponte de Sor, “esse pedido será feito”.

Os distúrbios aconteceram na quarta-feira passada, durante a madrugada. Terão começado à saída de um bar e continuaram mais tarde.

Os confrontos provocaram um ferido grave, que está internado entre a vida e a morte no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A vítima, Ruben Cavaco, de 15 anos, sofreu múltiplas fracturas ao ser agredido numa rixa.

Os alegados agressores são filhos gémeos do embaixador do Iraque em Portugal, que não foram detidos por terem imunidade diplomática.

O ministério iraquiano dos Negócios Estrangeiros anunciou no sábado que está a acompanhar o caso.

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros segue de perto, com preocupação, o que surgiu na sequência da acusação aos dois filhos do seu embaixador em Portugal. Iniciou uma investigação para conhecer mais detalhes desde incidente e juntar informação veiculada pelos meios de comunicação social", lê-se numa mensagem publicada na página oficial daquela entidade na internet.

Num texto a que a Renascença teve acesso, o anterior embaixador do Iraque em Portugal mostra-se chocado, revoltado e “envergonhado” com o caso das agressões levadas a cabo pelos filhos do actual embaixador a Rúben Cavaco.

[Notícia actualizada às 19h26]