PSD diz que Portugal pode “abrir um pouco” com desconfinamento “por via regional”
08-03-2021 - 15:35
 • Hélio Carvalho

O deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite elogiou a apresentação dos especialistas de saúde na reunião do Infarmed e aproveitou para pedir uma menor circulação na Páscoa. Mas também deixou críticas ao atraso na apresentação do plano de desconfinamento e as medidas para o ensino privado.

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O PSD acredita que está na altura de “começar a discutir, de uma forma mais séria, as medidas de desconfinamento” a um nível local. O vice-presidente da bancada social-democrata, Ricardo Baptista Leite, disse esta segunda-feira que o PSD “vê com bons olhos” o desconfinamento aos poucos e “por via regional, de modo a “não prejudicar partes do território que estão bem por causa de outras que estão menos bem”.

Falando aos jornalistas no final da reunião do Infarmed em Lisboa sobre a situação da pandemia em Portugal, Baptista Leite lamentou que o plano de desconfinamento - que vai ser apresentado no dia 11 de março (quinta-feira) e, segundo o deputado, entrará em prática a partir dia 15 de março (próxima segunda-feira) – não dá tempo aos setores afetados de se adaptar.

“Qualquer desconfinamento deve dar tempo para parte da sociedade envolvida se adaptar. E estar a desconfinar no dia 15 quando se anuncia no dia 11 dá muito pouco tempo para seja qual for o setor, mesmo que sejam as creches e as escolas privadas, se abrirem”, afirmou o deputado do PSD.

Quanto aos indicadores apontados pelos especialistas como importantes durante o desconfinamento, Baptista Leite referiu que as métricas “parecem-nos ser boas”, mas admitiu que “não parece fazer tanto sentido ter apenas indicadores nacionais”, voltando a olhar para o plano de desconfinamento regional apresentado pelo PSD.

“Nós precisamos de adaptar esses indicadores, mas a nível local. Depois podemos abrir ou fechar localmente uma parte do território, enquanto o resto do país pode continuar a funcionar, de modo a garantir que o país não volta a fechar e, acima de tudo, que conseguimos detetar precocemente potenciais locais de risco, antes que essas situações locais se transformem em ondas nacionais”, concluiu.

PSD quer testes para o ensino privado

Já no final das duas declarações aos jornalistas, Ricardo Baptista Leite teceu duras críticas ao plano de testagem do Governo nas escolas, que inclui um investimento de 20 milhões de euros em testes rápidos e prevê a realização “massiva” de 400 mil testes de 14 em 14 dias.

O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD disse que o Governo “ignorou por completo as escolas privadas e públicas” e anunciou que o partido vai questionar o primeiro-ministro e a ministra da Saúde sobre este plano de reabertura.

“As crianças, os professores, o pessoal não-docente das escolas privadas e cooperativas estão tão em risco as crianças, os professores e o pessoal não-docente nas escolas públicas. O vírus não escolhe entre público e privado”, salientou Baptista Leite.

O deputado criticou fortemente o Governo, ao dizer que o investimento apresentado “deve ter sido por lapso que nem sequer base ideológica pode ter, porque é pura e simplesmente um sinal de falta de bom senso”.

“O Governo deve reverter essa posição e garantir que todas as escolas são tratadas de forma igual em todo o território nacional”, concluiu.

PSD quer pouca circulação na Páscoa

À semelhança do que já tinha dito o Presidente da República na última vez que falou ao país, também o PSD apontou a Páscoa como uma altura crítica para a situação pandémica do país. Ricardo Baptista Leite disse que a abertura com base em indicadores regionais é a melhor forma de chegar à Páscoa de forma segura.

“Parece-nos a nós, PSD, que se opção for começar a abrir paulatinamente, até numa lógica de balão de ensaio para ver como corre essa abertura, defendemos que deve ser de base regional, com base em indicadores claros, de modo a não poder ninguém em risco e, acima de tudo, de não entrarmos no período da Páscoa e depois voltarmos a viver o que se viveu entre Dezembro e Janeiro”, vincou o deputado.

Também deixou um pedido ao Governo e às famílias, para que não haja grandes ajuntamentos na altura da Páscoa, como houve durante as festas do Natal e do Ano Novo.

“É nossa posição clara de que a Páscoa tem de ser um período em que cada família viva apenas e só com o seu agregado. Não há saídas entre concelhos nem há partilha de agregados, e sobre isto tem de haver uma mensagem clara, como aliás o Presidente da República também disse”, disse Baptista Leite.

Portugal regista esta segunda-feira mais 25 mortes e 365 novos casos de Covid-19, indica o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). É o valor mais baixo de novos casos desde 7 de setembro e de óbitos desde 28 de outubro.

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