Marcelo responde a ameaça de crise política. "A faca e o queijo estão nas mãos do Presidente"
30-08-2020 - 18:55
 • Joana Gonçalves

Chefe de Estado reage assim às recentes declarações de Costa, que assumiu que prefere deixar cair o Governo a negociar com o PSD a aprovação das contas para o próximo ano. "Crise que envolve dissolução [do Governo] não haverá", garante Marcelo.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu, este domingo, que "a faca e o queijo estão nas mãos do Presidente". Foi desta forma que o chefe de Esatdo respondeu à ameaça de crise política feita pelo primeiro-ministro, este fim de semana.

Numa entrevista ao jornal “Expresso”, António Costa assume várias vezes que prefere deixar o Governo cair do que negociar com o PSD a aprovação do Orçamento do Estado para 2021.

"O Presidente ouve com atenção o que as várias pessoas dizem sobre se há crise ou se não há crise. Mas crise que envolve dissolução [do Governo] não haverá", garantiu Marcelo em declarações aos jornalistas, durante uma visita a Monchqiue.

"Porque depende do Presidente, não depende de mais ninguém. E o Presidente, até para tornar muito claro, para não haver equívocos, disse sem drama nenhum: não contem com a ideia de haver eleições a correr em oito dias. Isso não existe."

As declarações de Costa na entrevista deste fim de semana geraram repúdio dos partidos à esquerda, com o PCP de Jerónimo de Sousa a dizer que "os problemas não se resolvem ameaçando com crises" e Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, a dizer que o ultimato "não resolve nada nem mobiliza ninguém".

Aos jornalistas, Marcelo avisou este domingo que os portugueses não devem contar "que o Presidente comece a especular" sobre uma possível crise política.

"Isso é uma decisão que o Presidente que vier a ser eleito tomará. Mas o bom senso impõe que não se esteja a anunciar uma crise a sete meses de distância", acrescentou.

Questionado sobre uma possível recandidatura, Marcelo voltou a garantir que antes de outubro não deverá anunciar a decisão. "Nenhum Presidente com eleições em janeiro anunciou a sua candidatura antes de outubro. Neste momento vivemos uma pandemia. Eu acho que Portugal precisa de um Presidente e não de um candidato a candidato."