Vacina da AstraZeneca será pouco eficaz contra variante sul-africana da Covid-19
07-02-2021 - 10:07
 • Marta Grosso , Beatriz Lopes

Duas doses da vacina não são suficiente para evitar casos leves ou moderados, diz estudo, acrescentando que falta apurar eficácia contra casos graves. Primeira remessa de vacinas da AstraZeneca é esperada em Portugal na terça-feira.

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A vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford será pouco eficaz contra a variante sul-africana do SARS-Cov-2. É a conclusão, ainda preliminar, de um estudo realizado pela Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, e a própria Universidade de Oxford.

O estudo vai ser publicado na segunda-feira, mas o “Financial Times” já avançou um relatório, segundo o qual a vacina não parece oferecer proteção contra a doença leve e moderada causada pela variante viral identificada pela primeira vez na África do Sul.

Na investigação participaram mais de dois mil pessoas, jovens e saudáveis. A eficácia da vacina reduziu-se significativamente contra a variante viral dominante na África do Sul.

“Num regime de duas doses [a vacina] não mostrou proteção contra Covid-19 leve-moderado devido à [variante sul-africana]”, indica o estudo.

Durante os testes, nenhum dos participantes morreu ou foi hospitalizado, estando ainda por apurar a eficácia da vacina AstraZeneca/Oxford contra casos graves e hospitalizações e mortes na sequência daquela variante.

“Não conseguimos apurar o efeito da vacina em casos de doença grave e hospitalização”, refere o porta-voz da AstraZeneca, em reação ao relatório do “Financial Times”.

A descoberta pode, contudo, vir a complicar a corrida às vacinas, tendo em conta que continuam a aparecer novas variantes do novo coronavírus que causou a pandemia de Covid-19.

Entre as variantes mais conhecidas e preocupantes estão as chamadas variantes britânica, sul-africana e brasileira, que parecem ser muito mais transmissíveis do que outras.

O porta-voz da AstraZeneca diz, contudo, acreditar que a vacina possa ser eficaz em formas graves da Covid-19, dado que o nível de anticorpos proporcionado por esta vacina é semelhante ao de outras que já mostraram ser eficazes em doenças graves.

Ainda assim, são precisos mais estudos para tirar conclusões, até porque, explica ainda o porta-voz da empresa, a maior parte dos voluntários que participaram nos testes são sobretudo jovens adultos saudáveis.

A primeira remessa de vacinas da AstraZeneca é esperada em Portugal na próxima terça-feira. Até agora, as autoridades portuguesas não se pronunciaram sobre uma eventual limitação de idade para o uso desta vacina – ao contrário de outros países europeus, incluindo Espanha, onde a vacina da AstraZeneca só será dada a pessoas até aos 55 anos. Em causa, dúvidas quanto à eficácia e segurança em faixas etárias mais avançadas.

Espanha recebeu estas vacinas (as primeiras 196.800 doses) no sábado.