Associação 25 de Abril disponibiliza instalações para conferência cancelada na FCSH
07-03-2017 - 18:44

A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa cancelou uma conferência com Jaime Nogueira Pinto alegando “questões de segurança”.

A Associação 25 de Abril repudiou hoje o cancelamento de uma conferência na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FSCH) da Universidade Nova de Lisboa com o politólogo Nogueira Pinto e disponibilizou as suas instalações para a realização do encontro.

Em declarações à Renascença, o presidente da associação, Vasco Lourenço, diz que as suas ideias são muito diferentes das defendidas por Jaime Nogueira Pinto, mas a liberdade de expressão está acima de tudo.

“É mais que conhecido que as nossas posições políticas e as minhas, pessoalmente, não são as mesmas do Professor Jaime Nogueira Pinto, mas isso não implica que, acima de tudo, não defendamos as liberdades, neste caso a liberdade de expressão. E foi isso que a Associação 25 de Abril fez", explica Vasco Lourenço.

Para o capitão de Abril, "não é normal é que haja coarctada a liberdade de expressão ou qualquer outra” no Portugal de Abril.

Em comunicado, a Associação 25 de Abril já tinha anunciado esta terça-feira que decidiu “manifestar ao Professor Nogueira Pinto o repúdio por este silenciamento da sua opinião e disponibilizou as suas instalações para a realização da conferência, se assim o entender”.

O evento, apresentado como conferência-debate na página de Facebook do movimento Nova Portugalidade, estaria marcado há cerca de duas semanas para se realizar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa mas foi cancelado a pouco mais de 24 horas da hora marcada (18h30 desta terça-feira), escreve o jornal Observador.

Em declarações ao Observador, Jaime Nogueira Pinto, convidado pelo núcleo de alunos da FCSH ligado à Nova Portugalidade para a conferência intitulada “Populismo ou Democracia? O Brexit, Trump e Le Pen em debate”, disse que foi o próprio director da faculdade que o informou da decisão, alegando questões de segurança.

Já esta terça-feira, no programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, o eurodeputado Francisco Assis e o jurista João Taborda da Gama criticaram a decisão do cancelamento.

“Isto é um acto de censura. Acho gravíssimo, não apenas a posição da associação de estudantes – mas, enfim, aí ainda poderemos ter em conta a sua juventude – mas que a direcção da faculdade tome uma posição desta natureza”, declarou Francisco Assis.

Na opinião de João Taborda da Gama, trata-se de um “acto abjecto”, decorrente de uma “tentativa de pensamento único, que tem mais de único do que de pensamento”.

"Cumprimento estatutário"

A associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova disse hoje que o pedido de cancelamento da conferência de Jaime Nogueira Pinto surge na sequência de uma moção à qual a associação ficou vinculada.

“Queremos deixar bem claro que esta questão não se prende com um silenciamento de divergências políticas nem com um ataque a qualquer orador convidado, mas sim com um cumprimento estatutário à qual a AEFCSH está vinculada”, é referido num comunicado divulgado na rede social Facebook.

Segundo a associação, em 2 de março foi apresentada, discutida e aprovada em Reunião Geral de Alunos/as (RGA) uma moção que defendia o cancelamento da conferência.

Tendo em conta que a moção apresentada tinha como objetivo cancelar a reserva da sala para o evento "Populismo ou Democracia? o Brexit, Trump e Le Pen" organizado pelo grupo Nova Portugalidade, a associação afirma que ficou vinculada a esta decisão.

Na moção aprovada, os alunos proponentes afirmam que “o evento está associado a argumentos colonialistas, racistas, xenófobos que entram em colisão com o programa para o qual a associação foi eleita, além de entrar em colisão com a mais básica democraticidade e inclusividade”.

[notícia actualizada às 20h45]