D. Manuel Clemente. Portugueses "gratos e reconhecidos" a Jorge Sampaio
10-09-2021 - 19:34
 • Henrique Cunha

Cardeal patriarca de Lisboa elogia integridade pessoal de Jorge Sampaio, traduzida no percurso político e académico no combate à ditadura, na dedicação à independência de Timor-Leste e, na última fase da sua vida, na defesa dos direitos humanos, sobretudo dos refugiados sírios.

O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, elogiou esta sexta-feira a coerência e a dignidade com que Jorge Sampaio desempenhou as mais diferentes funções ao longo da sua vida.

No dia da morte do antigo Presidente da República, D. Manuel Clemente assinala a integridade pessoal de Jorge Sampaio, traduzida no percurso político e académico, nomeadamente no combate à ditadura, na dedicação à causa da independência de Timor-Leste e, já na última fase da sua vida, na defesa ativa dos direitos humanos, sobretudo dos refugiados sírios.

"O seu percurso foi sempre muito coerente com ideias que alimentou desde a sua juventude e que, depois, na idade adulta e nos vários cargos que desempenhou, sempre manifestou. E essas ideias fizeram dele uma personalidade muito viva e muito reconhecida pela sociedade portuguesa", sublinhou o cardeal patriarca, em declarações à Renascença.

Para D. Manuel Clemente, os portugueses estão “muito gratos e reconhecidos pelo exemplo” do antigo chefe de Estado.

“É uma vida muito preenchida, muito estimulante para nós todos”, refere o Cardeal-Patriarca. “Só temos de agradecer o seu percurso cívico, de homem político, de Chefe de Estado e tudo o mais que ele foi para muita gente, não só em Portugal. Lembro-me concretamente de tudo o que fez em relação a Timor-Leste e em relação aos sírios. Isso mostra bem que quando uma pessoa é assim acaba também por ser motivadora da sociedade em geral”, conclui D. Manuel Clemente.

As cerimónias fúnebres de Estado do antigo Presidente da República realizam-se no domingo, a partir das 11h00, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

O velório aberto ao público decorre no sábado, entre o meio-dia as 23h00, no antigo Museu dos Coches.

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.

Antes do 25 de Abril de 1974, foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.

Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).

Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

Durante o seu segundo mandato, em 2003, organizou a primeira reunião do "Grupo de Arraiolos", constituído por chefes de Estado da UE sem funções executivas.

Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.