Não é comum, mas já aconteceu. Em seis ocasiões o Prémio Nobel foi atribuído a um casal ou, como aconteceu num caso, os dois elementos do casal venceram prémios Nobel em diferentes categorias.
Carl e Gerty Cori
O primeiro casal a entrar nesta listagem foi Gerty e Carl Cori – não confundir com os Curie, que viriam mais tarde. Nascidos na Europa foram levados pela crescente atmosfera de antisemitismo que se sentia em Viena a emigrar para os Estados Unidos, onde continuaram a trabalhar juntos na investigação médica.
Em 1947 as três décadas de trabalho conjunto foram compensados com a atribuição do Prémio Nobel aos dois pela investigação desenvolvida em torno da “conversão catalítica do glicogénio”, levando a descobertas que contribuíram para a identificação e tratamento de diversas doenças.
Mesmo fora de Viena, Gerty não teve facilidade em ver o seu valor reconhecido e várias instituições ofereceram-se para contratar Carl mas não a sua mulher. Carl recusou todas as ofertas que deixavam Gerty de parte, acabando por aceitar um cargo na Universidade de Washington.
Gerty foi a primeira mulher a vencer um Prémio Nobel de Medicina, a primeira cidadã americana a vencer um Prémio Nobel de todo e apenas a terceira a vencer a distinção a nível global.
Pierre e Marie Curi
Talvez o casal mais famoso da história do Prémio Nobel, os Curie venceram o prémio Nobel da Física em 1903, dando início a uma coleção de cinco prémios na mesma família. O motivo desse primeiro prémio foi o trabalho levado a cabo sobre o fenómeno da radiação.
Pierre Curie morreu num acidente em 1906, caso contrário talvez o segundo prémio Nobel de Marie tivesse sido partilhado em casal também. Desta feita o prémio foi na categoria de Química, pela descoberta dos elementos de rádio e polónio. O segundo destes recebeu o nome em homenagem à origem polaca de Marie Curie.
Até hoje Marie Curie é a primeira mulher a vencer o Prémio Nobel duas vezes e a única pessoa a vencê-la em duas categorias diferentes. Em Agosto de 2018 foi considerada a mulher mais influente da história pelos leitores da revista BBC History.
Iréne e Frédéric Joliot
Seriam os Joliot a dar sequência às conquistas nobéis de Marie e Pierre Curie. Iréne era a filha mais velha daquele casal e seguiu nas pegadas dos pais, dedicando-se à ciência e trabalhando com a sua mãe no laboratório, depois da morte do pai.
Em 1924 Frédéric veio trabalhar para o mesmo laboratório e Iréne ficou encarregue de ensinar-lhe as técnicas da pesquisa em radioatividade. Dois anos mais tarde casaram.
Durante os anos seguintes trabalharam em conjunto e de forma individual, mas receberam os dois o Prémio Nobel da Química em 1935 pela descoberta da radioatividade artificial.
Gunnar e Alva Myrdal
Gunnar e Alva conheceram-se na Suécia, de onde eram naturais, em 1919, tendo-se casado em 1924.
Partilhando um interesse pelas ciências sociais trabalharam cada um no seu ramo e acabaram por vencer o Prémio Nobel em categorias e anos diferentes. São até hoje o único casal a consegui-lo.
Gunnar foi o primeiro a ser laureado, pelo seu trabalho no ramo da teoria do dinheiro e das flutuações económicas, bem como a análise da interdependência dos fenómenos económicos, sociais e institucionais. Partilhou esse Prémio Nobel da Economia com Friedrich Hayek, em 1974.
Alva teria de esperar mais oito anos para se juntar ao clube, vencendo o Prémio Nobel da Paz em 1982 pelo seu trabalho em favor do desarmamento. Morreu quatro anos mais tarde, com 84 anos. Gunnar morreria no ano seguinte, aos 87.
Edvard e May-Britt Moser
Em 2014 o Nobel da Medicina foi atribuído a Edvard e May-Britt Moser pela descoberta do “GPS interno”, isto é, a identificação das células cerebrais que permitem aos seres humanos localizarem-se no espaço.
Os dois noruegueses conheceram-se e casaram quando ainda eram estudantes e trabalharam em conjunto durante quase toda a carreira.
Em 2016, porém, apenas dois anos depois de terem vencido o Prémio, anunciaram que se iam divorciar.
Abhijit Banerjee e Esther Dulfo
Com o anúncio feito esta segunda-feira do Prémio Nobel da Economia, Abhijit Banerjee e Esther Dulfo tornam-se assim o sexto casal a receber o prémio em conjunto.
Neste caso a razão invocada pela Academia Sueca é o trabalho teórico desenvolvido sobre o aliviamento da pobreza.