O líder do movimento anti-imigração
15-05-2019 - 06:48

Trump tem más relações com os aliados (ou ex-aliados) democráticos dos EUA. Preza mais os autocratas, como Putin, e os adversários de imigrantes, como Orbán.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, foi recebido por Trump na Casa Branca. O presidente americano desfez-se em elogios ao campeão europeu da “democracia iliberal”.

Não surpreende: Orbán construiu um muro na fronteira para impedir a entrada de refugiados e migrantes, Trump tem uma fixação no muro da fronteira com o México, que quer alargar. Por sua vez, Orbán considerou Trump o “ícone do movimento nacionalista”.

Esta troca de mimos mostra, uma vez mais, que a emergência de movimentos nacionalistas, xenófobos, que não respeitam a independência do sistema judicial em relação ao poder político, não é um fenómeno apenas europeu. Trata-se de uma sinistra tendência que se manifesta noutros continentes.

Na Ásia, o Japão mantém locais de homenagem a militares que cometeram crimes de guerra. A China, por muito que o seu presidente diga que está aberta ao comércio internacional, o nacionalismo acentua-se, bem como ditadura do partido comunista. No Brasil, um defensor da tortura como Bolsonaro é agora presidente da República e militariza as escolas, ao mesmo tempo que esquece os direitos dos povos da Amazónia. E no Médio Oriente o jovem líder da Arábia Saudita, que parecia inicialmente um liberalizador, revelou-se um autocrata sem escrúpulos (recorde-se o macabro assassinato do jornalista Kashoggi no consolado da Arábia Saudita em Istambul).

Mas o verdadeiro líder do movimento internacional anti-imigração e mesmo anti-democracia é sem dúvida Trump, pessoa que não se embaraça com leis. Repare-se que o presidente americano tem péssimas relações com os aliados (ou serão ex-aliados?) europeus, como a Alemanha – Merkel é o seu ódio de estimação -, a França e o próprio Reino Unido, embora Trump aplauda com ambas as mãos o Brexit. E é escasso, se não até nulo, o respeito de Trump pelos juízes e magistrados que lhe causam problemas, como foi o caso do procurador independente Mueller.

Pela primeira vez desde a II guerra mundial, os EUA estão contra a integração europeia e não garantem a segurança dos europeus. Para Trump a NATO pouco conta. Além de os EUA se terem retirado do acordo de Paris sobre a defesa do ambiente, na altura em que os efeitos devastadores das alterações climáticas são óbvios.

Bem visível é a simpatia de Trump quanto a líderes autocráticos, como Putin, e a governantes de “democracias iliberais”, como Orbán. E claro é o seu desprezo pela UE. Conviria ter presentes estas realidades preocupantes na votação para o Parlamento Europeu.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus