“As mulheres são mais resistentes à vaga populista”
09-02-2024 - 10:40
 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos

Na base estão questões económicas, mas, sobretudo, culturais. Henrique Raposo diz que “as mulheres estão em 2024, os homens estão em 1950”.

O comentador da Renascença Henrique Raposo consuidera que "as mulheres, aparentemente, são mais resistentes à vaga populista, mais resistentes a esta nova vaga de extrema-direita, direita radical, direita populista”.

O comentário surge da notícia da Renascença dando conta de que as mulheres votam mais à esquerda e os homens mais à direita.

“Neste momento, o maior adversário de Trump são as mulheres do subúrbio americano, ou seja, as mulheres privilegiadas que normalmente votam republicano, mas que estão furiosas com Trump, devido à questão do aborto”, exemplifica.

Na visão do comentador d’As Três da Manhã, isto deve-se a questões de ordem económica e cultural.

“As mudanças que temos vivido, por causa da globalização, internet, atacaram vários tipos de emprego. São sobretudo empregos masculinos. O emprego feminino está mais protegido dessas mudanças”, diz, ilustrando com as manifestações dos últimos dias em que “são sempre homens, camionistas, taxistas, agricultores”.

“Há uma espécie de revolta do homem de classe média-baixa”, aponta, assinalando, no entanto, que “o maior problema é a questão cultural” e “tem a ver com o feminismo e com a dificuldade que boa parte dos homens e dos rapazes têm em aceitar - a igualdade com a mulher, com a namorada, com a esposa”.

No seu espaço de comentário da Renascença, Raposo vai mais longe e afirma que “as mulheres estão em 2024, os homens estão em 1950, e é difícil manter casamentos assim, quando um está num século e outro noutro”.

“A maior crítica que eu faço a esta direita populista é a recusa de mudarmos, enquanto homens, enquanto pais. O maior problema na sociedade portuguesa, na sociedade americana, e mesmo em muitos países europeus, prende-se com o facto de as carreiras das mulheres serem melhores ou iguais às dos homens, só até ao primeiro filho”, diz.

“A partir do momento em que há um primeiro filho, a carreira cai a pique, porque está instituída a ideia de que o cuidador é só a mãe. Enquanto não houver uma partilha doméstica entre homem e mulher, vamos ter este problema, vamos ter esta guerra cultural”, remata.