​A reforma do euro
08-01-2019 - 06:25

Sem alguma coordenação das políticas económicas nacionais na zona euro o futuro da moeda única fica em causa.

A moeda única, em vigor desde há vinte anos, foi o maior avanço na integração europeia desde o Tratado de Roma. Mas esse avanço encontra-se ainda longe de estar consolidado.

O euro nasceu com onze países membros da UE; hoje são 19, cerca de dois terços dos atuais membros da UE. Alguns, como a Grã-Bretanha e a Dinamarca, ficaram de fora do euro através de cláusulas de “opting out”; outros, como a Suécia, mantiveram-se fora da moeda única sem cobertura jurídica pata tal – o que desde logo indiciou uma certa debilidade do projeto.

Essa debilidade tornou-se altamente visível e negativa com a chamada crise das dívidas soberanas, na qual se incluem os resgates à Grécia, Irlanda e Portugal. O empréstimo da “troika” à Grécia foi mais punitivo do que um auxílio; a economia grega perdeu entretanto quase um quarto do seu valor.

O euro sobreviveu graças à ousadia do governador do BCE, M. Draghi, que em 2012 prometeu fazer “o que fosse preciso” para salvar a moeda única. Promessa cumprida, contra a ortodoxia financeira alemã. Mas o BCE não pode fazer tudo; os governos dos países membros do euro têm sido hesitantes e lentos nas necessárias reformas, nomeadamente em completar a união bancária.

E foram ignorados os repetidos alertas de J. Delors, então presidente da Comissão Europeia, na década de 90 do séc. XX, para que a moeda única implicava não apenas uma união monetária como uma união económica. Ora a Alemanha tem mantido enormes excedentes nas suas contas externas, não facilitando as exportações de países da zona euro com défices externos, como Portugal teve. Ou seja, é indispensável alguma coordenação de políticas económicas nacionais na zona euro.

Se tal não for conseguido nos próximos anos, o futuro do euro fica em causa.


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