“Aumentou a impunidade” entre os condutores portugueses, alerta ​Prevenção Rodoviária
28-12-2018 - 02:32
 • Henrique Cunha, com redação

Em entrevista à Renascença, José Miguel Trigoso diz que se está a registar uma redução drástica do número de autos levantados, o que, na sua opinião, faz aumentar o sentimento de impunidade.

O sentimento de impunidade dos condutores aumentou e prova disso é o Natal sangrento nas estradas, adverte o presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), José Miguel Trigoso, em entrevista à Renascença.

A Operação Natal Tranquilo da GNR registou, este ano, 15 mortes nas estradas, o dobro das do ano passado. É preciso recuar a 2007 para encontrar o mesmo número de vítimas mortais. Há, ainda, registo de 29 feridos graves e 447 ligeiros, em mais de 1.350 acidentes.

José Miguel Trigoso diz à Renascença que se está a registar uma redução drástica do número de autos levantados, o que, na sua opinião, faz aumentar o sentimento de impunidade.

“Quando vejo que em 2017, ano em que aumentaram o número de mortos, feridos e acidentes com vítimas, houve uma redução superior a 20% do número de autos graves e muito graves levantados e quando vejo que as decisões sobre esses autos baixaram estrondosamente, o problema da sinistralidade não se concentra no Natal, Ano Novo, Páscoa e no Carnaval. Aumentou a impunidade, claro.”

O responsável pela Prevenção Rodoviária não está surpreendido com os números da Operação Natal da GNR.

“Ter passado para o dobro num período tão curto não tem nenhum significado estatístico. Quando digo que não estou surpreendido é porque o ano foi mau, foi semelhante ao ano passado que também foi mau”, lamenta José Miguel Trigoso.

“As vítimas mortais foram baixando até 2016, mas o número de acidentes com vítimas, os feridos graves e os feridos leves não baixam, desde 2012. Nós dizemos várias vezes: atenção, apenas se tem reduzido alguma gravidade dos acidentes, mas o número de acidentes e feridos não baixa”.

Além do aumento do sentimento de impunidade, o presidente da PRP aponta o dedo às “distrações provocadas pelos smarthphones”, juntamente com outros “comportamentos errados”, à velocidade excessiva dentro das localidades e a uma “ausência de estratégia em termos de comunicação”.

“Tudo isto leva a que o sistema não melhore e os comportamentos eventualmente também não melhoram”, afirma José Miguel Trigoso.