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O Parlamento prepara-se para votar contra as propostas do PCP, PEV e PAN para proibir a distribuição de dividendos na banca e grandes empresas, por causa da pandemia de Covid-19.
O assunto foi alvo de um intenso debate em que até Karl Marx foi recuperado, pela voz da Iniciativa Liberal. Mas foi a troca de argumentos entre o Bloco e o deputado do Chega que mais animou a sessão, com André Ventura a desafiar o bloquista Moisés Ferreira para que dê o exemplo abdicando do seu salário.
O PS deixou claro, pela voz de João Paulo Correia, vice-presidente da bancada, que neste debate está do lado da iniciativa privada.
“Neste contexto, e em qualquer outro contexto, o Partido Socialista valoriza a iniciativa privada. Todas as empresas que aderem ao 'lay-off' simplificado já estão impedidas de distribuir dividendos ou outras formas de remuneração aos seus acionistas ou sócios.”
Mas a garantia não convence João Cotrim de Figueiredo. “O PCP quer proibir a distribuição de dividendos se forem pagos aos portugueses comuns, mas se forem pagos ao Estado já são permitidos. Porquê? Se for ao Estado já não é capitalista e exploração?”
“É uma proposta tão discriminatória e tão prejudicial ao funcionamento da economia que nem o Governo o apoia, embora imagino que isso custe muito a alguns neo-marxistas do PS.”
Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, lamentou que a direita esteja a “incentivar a ganância”.
“Sim, no meio de tudo isto, e perante tudo isto, há quem insista em viver acima das possibilidades do país e há quem insista em distribuir dividendos milionários aos seus acionistas. E há também aqui quem feche os olhos, quem permita ou incentive a ganância desses acionistas.”
Mas o comentário mereceu um reparo imediato de André Ventura. “Sabe o que é que quem está lá fora está a dizer senhor deputado? Ganância a sua! Abdique do seu salário, por exemplo.”
“Se abdicares do teu eu abdico do meu já. Já”, desafiou André Ventura, num tom já mais familiar.
PS e PSD não ficaram fora das críticas, com o PAN a lembrar que até Rui Rio defendeu que era preciso travar os lucros imorais da banca, ao mesmo tempo que o seu partido chumba as propostas no Parlamento.