Pandemia e solidariedade
18-03-2020 - 07:30

Na crise da pandemia do coronavírus surgem casos positivos e negativos em matéria de solidariedade. No plano nacional e também no quadro internacional.

Uma situação como a que estamos agora a viver leva a que surjam à vista de todos casos positivos e casos negativos em matéria de solidariedade. Por exemplo, as pessoas que trabalham na área da saúde revelam, em geral, um notável empenho em servir os outros, a comunidade.

Esses profissionais fazem tremendos esforços físicos e psicológicos para ajudar quem está doente e correm riscos de saúde eles próprios. Recorde-se que um quinto dos contaminados são médicos. Os profissionais da saúde merecem o nosso agradecimento, que já foi, aliás, espontaneamente manifestado.

Pelo contrário, há quem se divirta lançando boatos e falsidades nas redes sociais, provocando angústia em muitos que acreditam naquilo que leem. É uma brincadeira inaceitável, de um egoísmo infantil, infelizmente muito difícil de contrariar.

A nível internacional pode-se apontar o caso – negativo – de falta de solidariedade de vários países europeus para com aqueles Estados que são mais atingidos pelo afluxo de refugiados, a Grécia e a Itália. Acrescendo ao impacto da pandemia, que em Itália é aterrador.

A China, um país onde não existe liberdade política nem cívica, os primeiros casos de coronavírus foram abafados. E as autoridades chinesas perseguiram médicos que se atreveram a chamar publicamente a atenção para o problema. Em contrapartida, depois a China passou a cooperar com o resto do mundo na procura de uma vacina. E Xi Jinping enviou para Itália uma equipa de especialistas para apoiarem o combate ao vírus e mandou ajuda médica urgente para Espanha, com idêntico fim.

Ao invés, é preocupante e escandaloso que o presidente Trump tenha tentado comprar, com muitos milhões de dólares, a uma empresa alemã, uma vacina, com a condição de que seria usada exclusivamente nos EUA. Felizmente, o CEO daquela empresa recusou, declarando que, quanto tal vacina existir, será disponibilizada para todo o mundo.

Também o governo alemão se movimentou para travar esta vergonhosa iniciativa, onde está patente o lado mais odioso do isolacionismo nacionalista americano, além da prioridade das prioridades de Trump – ser reeleito.

É triste que o país que deveria liderar e promover a democracia liberal no mundo, defendendo os seus valores humanistas, nos dê um tal exemplo. E que seja a China, cujos dirigentes consideram os direitos humanos uma mera invenção ocidental, a manifestar gestos de solidariedade.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus.