Poderes globais devem pedir "cessar-fogo imediato" no Afeganistão, defende Malala
15-08-2021 - 15:20
 • Lusa

Talibãs garantem que não haverá qualquer vingança sobre o povo, mas o medo instalou-se. O Presidente afegão, Ashraf Ghani, já deixou o país.

A jovem Nobel da Paz Malala Yousafzai afirmou, este domingo, estar em "completo choque" com a chegada dos talibãs a Cabul, vincando que os poderes globais devem pedir um "cessar fogo imediato" e fornecer ajuda humanitária.

"Assistimos em completo choque ao controlo do Afeganistão pelos talibãs. Estou profundamente preocupada com as mulheres, as minorias e os defensores dos direitos humanos", afirmou a jovem paquistanesa, através de uma publicação na rede social Twitter.

Malala Yousafzai defendeu ainda que os "poderes globais, regionais e locais" devem pedir um "cessar-fogo imediato" e fornecer "ajuda humanitária urgente" para apoiar refugiados e civis.

Os talibãs chegaram hoje às portas de Cabul e o Governo afegão reconheceu que foram feitos "disparos", embora os insurgentes assegurem que não vão entrar na capital à força e estão a negociar uma transição de poder.

Os rebeldes receberam ordens para permanecerem às portas de Cabul e não entrar na capital afegã, disse hoje um porta-voz, apesar de os insurgentes terem sido já avistados por residentes em subúrbios distantes.

"O Emirado Islâmico ordena a todas as suas forças que esperem às portas de Cabul, que não tentem entrar na cidade", disse no Twitter Zabihullah Mujahid, um porta-voz dos talibãs.

"Há combatentes talibãs armados na nossa vizinhança, mas não há combates", disse à AFP um residente de um subúrbio oriental da capital.

Negociadores talibãs dirigiram-se hoje ao Palácio Presidencial para tentar negociar uma transição pacífica de poder.

A 10 de dezembro de 2014, Mala Yousafzai foi distinguida com o prémio Nobel da Paz, prometendo lutar até que a última criança seja escolarizada.

Dois anos antes, a jovem sobreviveu a um ataque de talibãs paquistaneses, que a balearam na cabeça. Após ser operada no Paquistão, a jovem foi levada para o Reino Unido para receber tratamento.

Malala destinou a sua parte do valor pecuniário do Nobel da Paz (oito milhões de coroas suecas, cerca de 860.000 euros) para a construção de escolas no Paquistão, em especial no vale de Swat, região onde nasceu.