Colômbia. Francisco aposta na reconciliação
08-09-2017 - 00:22
 • Aura Miguel

Papa lembrou “a história de violência e divisão do vosso povo” durante décadas, “que nem sempre nos encontrou disponíveis para compartilhar a barca, as tempestades, os infortúnios”.

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O Papa alerta para a necessidade de palavras de vida, numa Colômbia marcada pela guerra, pelos mortos, pelos ódios e pelas injustiças.

Na homilia da missa, a que presidiu no parque Simão Bolívar, em Bogotá, Francisco lamenta que a beleza da existência humana seja manchada pela escuridão.

“Também aqui, como noutras partes do mundo, há densas trevas que ameaçam e destroem a vida: as trevas da injustiça e da desigualdade social; as trevas corruptoras dos interesses pessoais ou de grupo, que consomem, egoísta e desaforadamente, o que se destina para o bem-estar de todos; as trevas da falta de respeito pela vida humana que diariamente ceifa a existência de tantos inocentes, cujo sangue brada ao céu; as trevas da sede de vingança e do ódio que mancha com sangue humano as mãos de quem faz justiça por sua conta; as trevas de quem se torna insensível ao sofrimento de tantas vítimas”, disse.

Perante milhares de colombianos, Francisco lembrou “a história de violência e divisão do vosso povo” durante décadas, “que nem sempre nos encontrou disponíveis para compartilhar a barca, as tempestades, os infortúnios”.

“Mas Jesus, como a Simão, convida-nos a fazer-nos ao largo, impele-nos a compartilhar o risco, a deixar os nossos egoísmos e a segui-Lo; convida-nos a perder medos que não vêm de Deus, que nos paralisam e atrasam a urgência de ser construtores da paz, promotores da vida”, acrescenta.

Depois da missa, o Papa, que está em viagem apostólica de cinco dias à Colômbia, encontrou-se com bispos da Venezuela.

Reconciliação é a palavra de ordem deste sábado. Num país dilacerado por 50 anos de guerrilha, ódio e violência, com tantas vítimas e feridas ainda abertas, Francisco vai hoje a Villavicencio para mais um passo na consolidação do tão desejado percurso de paz e reconciliação nacional.

O dia começa com a beatificação de dois mártires: o bispo Jaramillho Monsalve, sequestrado e assassinado em 1989, e o sacerdote Pedro Ramirez Ramos, vítima de linchamento junto à sua paróquia, também por ódio à fé, em 1948.

O outro ponto alto deste sábado será o Encontro de reconciliação nacional, com a presença de 6 mil vítimas da violência, militares, agentes da polícia e ex-guerrilheiros.

A Renascença na Colômbia com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa