Santa Casa de Lisboa na pandemia. Pedidos de ajuda disparam e receitas dos jogos caem 20%
09-09-2021 - 16:00
 • Cristina Nascimento , André Peralta (sonorização)

Provedor da Santa Casa elege a capacidade de reinvenção dos funcionários como um dos pontos positivos deste último ano e meio. Recuperação das receitas dos jogos só deve acontecer em 2022.

O ano e meio da pandemia foi um ano de extremos. Se houve setores em que tudo caiu, noutro houve em que muita coisa aumentou. É o caso da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Neste último ano e meio aumentaram os pedidos de ajuda domiciliária, de ajuda alimentar e muitas outras situações, entre as quais o pedido de auxílio para doentes que tinham alta dos hospitais. Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, explica que acudiram a cerca de 900 “pessoas que já não tinham condição clínica para estar nos hospitais, mas não tinham ainda condição social para serem autónomas”.

“Era preciso, por um lado, libertar camas dos hospitais e libertar capacidade dos hospitais e, por outro, assegurar que as pessoas tinham um acompanhamento adequado e foi isso que fizemos ao longo deste último ano”, explica.

Outra situação a que acudiram foi os refugiados e requerentes de asilo político, pessoas a quem prestam “muito apoio não só financeiro, mas também noutras dimensões das suas vidas”. Edmundo Martinho explica que os pedidos de ajuda por partes destas pessoas registou “um aumento substancial”, porque “neste tempo da pandemia ficaram retidas em Portugal e não puderam prosseguir as suas trajetórias de vida. Damos hoje apoio a mais de duas mil pessoas nestas circunstâncias na cidade de Lisboa”, detalha.

Outra área de atividade da Santa Casa que registou uma grande procura foi o apoio domiciliário, em grande parte devido ao encerramento dos centros de dia.

“Como não podíamos prestar os cuidados que normalmente ocorriam nesses ambientes, tudo se transformou em apoio domiciliário”, diz.

No total das várias situações, são para cima de 15 mil pessoas que contam com a ajuda da Santa Casa de Lisboa, sendo que os recursos humanos - 5.400 funcionários - não foram reforçados. Mantiveram-se sempre ao trabalho e o que valeu foi a capacidade de reinvenção, diz o provedor Eduardo Martinho, sublinhando o “esforço grande de todos os trabalhadores da Santa Casa, em particular daqueles que estão mais próximos da população”.

“Os serviços e os nossos colaboradores, face à pressão adicional que houve de procura, tiveram de se reinventar e nós conseguimos dar resposta à maior parte das circunstâncias”, assegura.

Mas se tudo parece ter aumentado, houve algo que registou tendência contrária: as receitas provenientes dos jogos, como por exemplo o Totoloto ou o Euromilhões. As receitas registaram uma quebra na ordem dos 20%, decorrente do encerramento de muitas casas de jogos e da menor presença de pessoas nas ruas.

Edmundo Martinho garante que estão a trabalhar para garantir a recuperação “que é muito lenta e que tem repercussão na saúde financeira da Santa Casa”.

O provedor diz que estão preparados para estes tempos financeiramente menos bons e aponta o ano de 2022 com “um ponto de viragem”, no que toca à recuperação das receitas.

Respostas Sociais à Pandemia é uma rubrica da Renascença com apoio da Câmara Municipal de Gaia que surge no seguimento da Conferência "Pandemia: Respostas à Crise" onde se debateu em maio de 2021 o papel das Instituições Sociais e do Poder Local.