​A Alemanha e a UE
13-03-2019 - 06:47

A nova líder da CDU não quer transferir mais poderes dos governos nacionais para o nível supranacional europeu. E critica o que chama o “centralismo europeu”.

Como aqui foi comentado, Macron voltou a apresentar ideias e propostas para a revitalização da UE, ameaçada pela onda populista e eurocética. Mas o seu projeto inicial – relançar o eixo franco-alemão como motor dessa renovação – não tem, pelo menos por enquanto, condições favoráveis para se afirmar.

O que tem muito a ver com o gradual afastamento político de Angela Merkel, que ainda é chanceler (chefe do governo federal), mas já não é líder do principal partido que apoia esse governo, a CDU. Para esse cargo foi escolhida uma política próxima de Merkel, mas que em matéria europeia assume uma atitude mais prudente.

O partido eurocético Alternativa para a Alemanha é agora a principal força de oposição ao governo de coligação dos democratas-cristãos com os socialistas. E tem vindo a subir o seu apoio eleitoral. Por sua vez, os democratas-cristãos da Baviera, CSU, continuando ao lado da CDU no governo federal, mantém as suas reservas a avanços na integração europeia.

Daí que a provável sucessora de Merkel como chanceler da RFA, Annegret Kramp-Karrenbauer, tenha assumido num artigo de jornal uma posição de prudência face à UE. A atual líder da CDU não quer transferir mais poderes dos governos nacionais para o nível supranacional europeu. Critica o que chama o “centralismo europeu” e a comunitarização das dívidas públicas e da segurança social. “Não há qualquer versão de um super Estado europeu que seja compatível com uma Europa de Estados membros soberanos”, escreveu Kramp-Karrenbauer.

Mas a líder da CDU apoia as ideias de Macron quanto à defesa e à segurança da Europa, que incluem o Reino Unido, mesmo pós-Brexit. Sobre completar a união bancária da zona euro não se pronunciou. Assim como não referiu a conveniência de a Alemanha aumentar os seus investimentos públicos, agora que a economia germânica dá sinais de estagnação, mas o excedente externo alemão é o maior do mundo. Só que, neste ponto, também Merkel nunca avançou numa coordenação europeia de políticas orçamentais. Infelizmente, não parece vir a surgir aqui novidade.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus