Covid-19. Ministério da Saúde remete decisão sobre as pessoas a vacinar para os lares
22-01-2021 - 21:56
 • Lusa

Ministério liderado por Marta Temido esclareceu critério da vacinação do presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, sem alegadamente preencher os critérios de inclusão nos grupos prioritários desta fase.

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A decisão sobre as pessoas a incluir na lista de funcionários e utentes dos lares de idosos para a vacinação contra a covid-19 pertence a cada estabelecimento, clarificou o Ministério da Saúde.

“O preenchimento dos critérios para vacinação dos seus profissionais e/ou utentes é uma responsabilidade de cada instituição”, explicou o Ministério liderado por Marta Temido, numa resposta enviada à agência Lusa, na sequência da notícia do jornal Expresso sobre a vacinação do presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, sem alegadamente preencher os critérios de inclusão nos grupos prioritários desta fase.

O autarca é também o líder da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), responsável pelo lar de idosos onde se registou um surto no verão e que provocou a morte de 18 pessoas, e foi por essa função que viu o seu nome ser incluído na lista de pessoas a vacinar.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a FMIVPS explicou ter indicado para serem vacinados “todos os utentes, funcionários, administrativos, técnicos e dirigentes que têm contacto regular direto com os utentes”. Segundo a instituição, essa comunicação foi dada em “obediência às indicações recebidas pelas autoridades de saúde e da segurança social”.

Contactado pela Lusa, o coordenador da ‘taskforce’ do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, disse não ter “nada a declarar” sobre o caso, mas ao Observador reconheceu que José Calixto “não deveria ter sido vacinado” e que “esteve mal” enquanto membro da administração do lar.

Já o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu que possa existir justificação para o autarca de Reguengos de Monsaraz ter recebido a primeira dose da vacina devido à sua ligação à direção do estabelecimento residencial para idosos.

"Se faz parte da direção" de um lar, "a situação, ainda assim, transforma-se e, talvez, por isso, tenha sido vacinado e, então, assim, justificar-se-á", afirmou António Lacerda Sales, em declarações aos jornalistas, à margem de uma ação no Instituto Português do Sangue e da Transplantação, em Lisboa, acompanhado pelos secretários de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, e Adjunto e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches.

A afirmação do secretário de Estado Adjunto e da Saúde teve lugar depois de ter sido informado da ligação de José Calixto à instituição, uma vez que, momentos antes, havia declarado, perante a notícia do Expresso, que o autarca “deveria ter sido vacinado na fase correspondente, que seria a dos serviços críticos”.

Em Portugal, morreram 9.920 pessoas dos 609.136 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.