Covid-19. Nova linhagem da Ómicron já será dominante em Portugal
13-05-2022 - 15:20
 • Lusa

João Paulo Gomes, do INSA, afirma que a BA.5 "não parece estar associada a um fenótipo de doença mais severo" e "será quase inevitável que a Covid-19 se transforme quase numa gripe".

A mais recente linhagem da variante ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, que aparenta ser mais contagiosa, mas não demonstra ser mais grave, deverá já ser dominante em Portugal, estima o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

O investigador do INSA João Paulo Gomes disse aos jornalistas na sede da instituição que a linhagem BA.5 da variante Ómicron "terá já ultrapassado os 50%" dos novos casos de infeção, especulando que será "a variante dominante".

"Trata-se de uma linhagem mais transmissível e com algumas mutações que são associadas a uma maior capacidade do vírus para infetar e fugir ao sistema imunitário", conseguindo ultrapassar os anticorpos gerados quer pelas vacinas quer pela infeção natural e assim expandir-se mais.

A linhagem está a aumentar em Portugal a par do que se passa na África do Sul, onde foi pela primeira vez identificada a variante Ómicron, mas os primeiros estudos "nada indicam" quanto a uma eventual maior gravidade.

"Não parece estar associada a um fenótipo de doença mais severo. Pensamos que será quase inevitável que [a covid-19] se transforme quase numa gripe. Vamos ter que viver com este coronavírus e pensa-se que o processo de vacinação vá ter que continuar, nem que seja para os grupos mais vulneráveis", considerou.

João Paulo Gomes, que é responsável pela monitorização da diversidade genética do SARS-CoV-2 e outras doenças infecciosas em Portugal, declarou que "é um vírus com uma capacidade de adaptação incrível, que muito rapidamente se vai adaptando à própria evolução do sistema imunitário".

Por conseguir passar pela imunidade das vacinas e natural, "as vacinas atualmente distribuídas, ainda desenvolvidas com a estirpe original [do novo coronavírus], são muito pouco eficazes contra a infeção, mas continuam a mostrar uma eficácia muito elevada quanto ao processo de hospitalização".

"Todos conhecemos amigos, colegas que tiveram a infeção há poucos meses e estão agora novamente infetados, isso está a acontecer com estas linhagens", apontou.

O INSA faz a monitorização de amostras do SARS-CoV-2 recolhidas semanalmente em todo o país, identificando os códigos genéticos.

"Todo o mundo tem beneficiado dos primeiros dados gerados", referiu, acrescentando que ao conhecer a realidade de um país, os outros podem ter uma visão do que os espera e preparar-se melhor.

Em declarações à Renascença, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse esta sexta-feira que "não há que ter vergonha em usar máscara", apesar de já não ser obrigatória na maioria das ocasiões.

Graça Freitas diz que usa máscara em locais fechados onde estejam outras pessoas e defende que esta deve ser uma prática a adotar, depois de avaliado o risco de contágio. Por isso, tendo em conta os eventos de massas que se preveem para os próximos tempos, recomenda veementemente o uso da máscara.

Os idosos com mais de 80 anos e os residentes em lares de terceira idade começam a receber a quarta dose da vacina para a Covid-19 a partir de segunda-feira, anunciou na quinta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).