Patriarca sobre o bispo de Viana. “O que é bom nunca se perde”
18-09-2020 - 22:56
 • Filipe d'Avillez , Vítor Mesquita

D. Manuel Clemente e D. Anacleto Oliveira foram auxiliares ao mesmo tempo em Lisboa. O cardeal recorda um homem simples, claro e frontal.

D. Manuel Clemente fica com um misto de pena e de saudade com a morte de D. Anacleto Oliveira, com quem trabalhava na Conferência Episcopal, mas que conhecia bem desde que foram os dois bispos auxiliares em Lisboa com D. José Policarpo.

“As primeiras palavras são de grande tristeza e já de grande saudade”, diz D. Manuel, em declarações à Renascença.

“Trabalhámos juntos em Lisboa, como auxiliares, depois eu fui para o Porto e ele para Viana. Mais tarde reencontrámo-nos na Conferência Episcopal, ele muito ligado aos trabalhos da Comissão de Liturgia, e eu sempre vi nele, quer no trabalho das dioceses, quer no trabalho da conferência, uma grande seriedade, aplicação, certeza em tudo quanto fazia. Foi um grande bispo, daí este misto de pena e de saudade, tanto mais que foi tudo tão surpreendente, tão tragicamente surpreendente.”

D. Manuel recorda “um homem muito simples, muito claro, muito frontal, ótimo conversador. Sempre claro, sempre frontal nas suas posições, mas capaz de escutar os outros e sobretudo decidido a fazer as coisas com seriedade e fazer com que coisas avançarem em segurança, em que domínio fosse.”

“Foi um ótimo bispo e tenho a certeza que agora continuará a trabalhar connosco de outra maneira. O que é bom nunca se perde”, diz o Patriarca.

D. Anacleto Oliveira, que morreu num acidente de automóvel esta sexta-feira, na A2, era um biblista de renome, como recorda ainda o cardeal D. Manuel. “Uma das suas últimas colaborações foi organizar esta edição experimental do Novo Testamento e dos Salmos, que conseguiu levar para a frente, com outros biblistas portugueses, com muito afinco e com muita persistência.”

“Vamos recordá-lo como o grande bispo que foi, nas dioceses que serviu, como estudioso, biblista, pastor e amigo da Igreja em todo o sentido da palavra, porque era amigo do povo de Deus e porque era amigo e responsável daquilo que lhe incumbia”, conclui D. Manuel Clemente.