Atentados de Paris. Guerra não é solução e “temos de nos manter unidos”
17-11-2015 - 15:00

Posição é defendida pelo vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel, depois de o Presidente francês ter declarado guerra.

Falar de guerra contra o autodenominado Estado Islâmico apenas ajuda o grupo, que esteve por trás dos atentados da última sexta-feira em Paris, a ser bem sucedido, defende o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, em oposição ao que tem afirmado o Presidente francês.

François Hollande declarou aos deputados franceses na segunda-feira que “a França está em guerra”. Mas Sigmar Gabriel, um social-democrata cujo partido (SPD) é aliado dos socialistas franceses, considera que falar em guerra só vai pôr achas na fogueira.

“Vemos que o Estado Islâmico está a levar a cabo uma guerra contra o mundo livre”, afirmou esta terça-feira. Mas falar em guerra contra este grupo é o primeiro passo para os ajudar a ter sucesso, defende.

O vice-chanceler rejeita também os comentários do ministro das Finanças da Bavária, Markus Soeder, segundo o qual os ataques de Paris mudaram tudo.

“Os atentados não mudaram tudo, é justamente o contrário: agora temos de nos manter unidos e mostrar que se mantêm os valores da paz, da democracia e do direito à vida de todos os seres humanos e que continuaremos a lutar pela liberdade”.

Apostar numa melhor cooperação entre os vários países é também a resposta do antigo comissário europeu António Vitorino. No programa “Fora da Caixa” especial sobre os atentados, Vitorino afirma que a troca de informações entre os Estados “ tem de ser mais aberta”.

Ataques contra alvos estratégicos

No terreno, prossegue o ataque contra o que França e aliados chamam de “alvos estratégicos” dos jihadistas.

Esta terça-feira, o Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, defendeu que o aumento da coordenação dos ataques aéreos com a Rússia vai implicar mais progressos no processo político em curso com vista ao fim da guerra na Síria.

“É possível que progressos mais rápidos no campo político possam melhorar o nível de troca de informações”, defendeu depois de uma reunião com o Presidente Hollande e o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, em Paris.

O Estado Islâmico reivindicou no sábado, em comunicado, a autoria dos atentados de sexta-feira em Paris, nos quais morreram, pelo menos, 129 pessoas, entre os quais dois portugueses. Há ainda mais de 400 feridos.

Os ataques foram perpetrados por, pelo menos, sete terroristas em vários locais da cidade, entre eles uma sala de espectáculos e o Stade de France, onde decorria um jogo de futebol entre as selecções de França e da Alemanha.